sexta-feira, 30 de outubro de 2009

VITÓRIA DA LUTA ANTIMANICOMIAL EM PROCESSO JUDICIAL

O ex-conselheiro e presidente do Conselho Federal de Psicologia, Marcus Vinícius de Oliveira obteve ganho de causa, em primeira instância, no processo movido pela Federação Brasileira de Hospitais (FBH) no qual era acusado de estar “sistematicamente difamando e caluniando os hospitais psiquiátricos brasileiros, seus dirigentes e demais profissionais, através de publicações oficiais do Conselho Federal de Psicologia, artigos publicados em revistas e em entrevistas atribuindo a todos, entre outras mazelas que o hospital psiquiátrico é uma instituição sinistra onde ocorreriam torturas e assassinatos”.

O processo, que tramita desde 2002, foi iniciado pouco após a publicação do livro “A Instituição Sinistra”. organizado por Oliveira que, à época, era vice-presidente do CFP.

Na sentença, o juiz Egas Moniz Barreto de Aragão Dáquer avalia improcedente o pedido da Federação Brasileira de Hospitais. Afirma que “não há na conduta do réu ilicitude que justifique uma reparação de caráter punitivo e pedagógico em favor da autora, a título de dano moral ser obtida através do judiciário” e condena a autora ao pagamento das custas processuais e honorários de advogado.

O juiz postula também que “o que não deve - e não pode - é que esta censura à posição defendida pelo réu seja chancelada pelo Poder Judiciário como ofensiva à autora e a seus associados, para daí tirarem vantagem financeira. Como pode ser visto dos autos, através das peças trazidas pelas partes, a posição adotada pelo réu é também adotada por outros profissionais - médicos psiquiatras ou psicólogos. O réu apenas fez diversas denúncias, reportando-se a diversos pesquisadores, na tentativa de ser prestigiado seu ponto de vista”.

“Ganham na primeira instância a liberdade de expressão, a luta antimanicomial, todos os nossos parceiros de luta e os maiores interessados que são os usuários”, disse Oliveira.

A Federação Brasileira de Hospitais pode recorrer da decisão.

FONTE: POL

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Marcha conquista IV Conferência de Saúde Mental e retoma a urgência do fim das torturas



Tendo reunido 2300 pessoas na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, com música, dança, bonecos, cartazes e faixas defendendo as formas de tratamento que substituem o velho manicômio e permitem o convívio social aos portadores de transtorno mental, a Marcha dos Usuários pela Reforma Psiquiátrica Antimanicomial fez acontecer o que parecia improvável: pessoas chamadas loucas, inválidas, com histórias de internações, vieram a Brasília e foram recebidas pelo Planalto, em dez audiências em ministérios, na Câmara e no Senado.

De invisíveis, como bem apontou Gilberto Carvalho, chefe do gabinete pessoal do presidente da República que recebeu 35 manifestantes, os usuários da saúde mental conquistaram lugar de cidadãos. Foram ouvidos, o governo deliberou com eles. Marcharam organizadamente, apresentaram pautas precisas, conhecedores que são da situação real das políticas públicas a eles destinadas – ou das que precisam ser criadas, como é o caso das relacionadas à subsistência, renda e economia solidária.

A vitória imediata da Marcha foi o compromisso com a realização da IV Conferência Nacional de Saúde Mental ainda nesse governo, assumido por Gilberto Carvalho com anuência do presidente Lula. Carvalho mostrou-se sensível às denúncias de mortes e torturas em hospitais psiquiátricos. Eles ainda recebem metade da verba da saúde mental, proveniente do Sistema Único de Saúde, sem que recuperem os pacientes internados, como de fato fazem os serviços abertos como os Centros de Atenção Psicossocial (Caps), quando estão estruturados e em funcionamento.

Sobre a persistência de tortura e maus tratos, Carvalho se disse “assustado” com o que ouviu e assumiu a tarefa de colocar o tema para o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, responsável pela implementação da Reforma Antimanicomial. Paulo Vannuchi, secretário especial de Direitos Humanos, ressaltou que a tortura se alimenta da impunidade e se comprometeu a estruturar o tratamento do tema na secretaria, em diálogo, sobretudo, com o Ministério da Saúde.

Com relatos vivos, a marcha conseguiu colocar na pauta do governo federal a necessidade da Reforma Psiquiátrica, instituída por lei em 2001 pela Lei 10.126. Dossiê apresentado pelo Instituto Damião Ximenes, do Ceará, sobre o município de Ipueiras, trouxe imagens de pacientes encarcerados em celas, sem acompanhamento médico, psicológico ou condições de higiene. A cidade tem um Caps que recebe visita de psiquiatra três vezes ao mês, sem, portanto, ter estrutura profissional para atender nem mesmo os pacientes em tratamento.

Na audiência com a ministra interina da Saúde, Márcia Bassit, os manifestantes argumentaram que, ao pedirem celeridade para a Reforma, não tratam do tempo que querem, mas do tempo necessário par evitar mortes nos hospitais psiquiátricos. A implementação da reforma seria acelerada com o pleno funcionamento dos Caps; com a solução da constante falta de verbas para as atividades na ponta; qualificação dos profissionais; e abertura de Caps III, que realizam atendimento 24 horas.

Os usuários, cujas organizações são agregadas pela Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial, não têm dúvidas da importância dos diálogos sobre a defesa da Lei 10.216/91, sobre a necessidade do fim das interdições judiciais ou do desenvolvimento das políticas de assistência, como o Programa de Volta para Casa, que tem por objetivo reintegrar socialmente usuários que passaram por longas internações.

A estes temas somam-se o fim dos manicômios judiciários e o acesso ao tratamento de saúde mental, nos moldes da Lei 10.216, para portadores de sofrimento que estejam respondendo a processos ou cumpram penas. Todos os pontos foram pautas das audiências com os ministérios da Justiça, do Trabalho, Cultura, Desenvolvimento Social, INSS, Conselhos Nacionais de Secretarias Municipais de Saúde e de Secretários de Saúde, que também receberam a marcha e se propuseram a caminhar no esforço de incorporar a realidade da saúde mental em suas atividades.

Terminadas as audiências, os usuários, agora marcados pela experiência da possibilidade de ação coletiva, seguem presentes, atentos, sobretudo visíveis. Neste 10 de outubro, quando os países celebram o Dia Mundial da Saúde Mental, esperamos que o momento marcante de tomada de voz pelos usuários, no Brasil, marque a retomada do andamento da Reforma Psiquiátrica Antimanicomial.

Humberto Verona – Presidente do Conselho Federal de Psicologia
Nelma Melo – Coordenação da Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial (Renila)

domingo, 16 de agosto de 2009

MARCHA DOS USUÁRIOS À BRASÍLIA – POR UMA REFORMA PSIQUIÁTRICA ANTIMANICOMIAL



A Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial – RENILA, com apoio de diversas entidades, realizará no dia 30 de setembro de 2009, em Brasília, a “Marcha dos Usuários: Por uma Reforma Psiquiátrica Antimanicomial” e conclama todas as associações de usuários e familiares, os serviços substitutivos, entidades e organizações ligadas à Reforma Psiquiátrica a participarem deste ato público.
Neste momento, forças contrárias à Reforma Psiquiátrica Brasileira, de forma articulada, utilizam os meios de comunicação de massa; numa verdadeira campanha tentam frear os avanços da Reforma Psiquiátrica, através de discursos que desqualificam os serviços substitutivos, o Sistema Único de Saúde e todas as conquistas da Luta Antimanicomial.
Ouvindo apenas autoridades e especialistas “doutores na matéria”, a imprensa ignora a posição, interesses e avaliação dos usuários, protagonistas destas cenas, e contribui para fragilização do trabalho desenvolvido, ao influenciar negativamente a opinião pública, tentando fazer do fracasso a tradução da assistência ofertada pelos serviços substitutivos. A Reforma Psiquiátrica contraria muitos interesses, eis uma verdade incontestável.
Chega de covardia! Chega de manipulação da informação!
Os usuários dos Serviços de Saúde Mental de todo o país, vítimas do abandono e da violência das instituições psiquiátricas, decidiram manifestar publicamente sua posição em defesa da Reforma Psiquiátrica brasileira e do Sistema Único de Saúde.
São eles os que podem melhor decidir qual destino, qual futuro desejam e sonham construir. São eles, os que hoje frequentam os serviços substitutivos e que têm sua cidadania e inclusão social potencializada, os mais indicados a dizer em qual direção a Reforma Psiquiátrica, patrimônio ético e político da sociedade brasileira, deve seguir e avançar.
Se você quer ser ouvido e lutar por uma Reforma Psiquiátrica Antimanicomial, organize sua caravana! Ajude a construir essa Marcha! Vamos organizar caravanas para que os verdadeiros protagonistas possam apresentar em Brasília suas vozes e reivindicações, levando ao Presidente Lula e demais autoridades legislativas e judiciárias a disposição de luta em defesa de seus direitos..
A RENILA convida usuários, técnicos e familiares de todo o país a marcharem rumo a Brasília e a participarem das atividades político-culturais “Em Defesa da Reforma Psiquiátrica Antimanicomial” , demonstrando nossa força e criatividade.
• MARCHA DOS USUÁRIOS “POR UMA REFORMA PSIQUIÁTRICA ANTIMANICOMIAL ” evidenciando o protagonismo dos usuários e fortalecer a Organização Política dos Usuários; em defesa do SUS, da Lei 10.216/01 e pela realização da IV Conferência Nacional de Saúde Mental! Defender o SUS, pela efetiva implantação do Programa De Volta Para Casa;
Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial
Associação Chico Inácio (AM)
Associação. dos Usuários dos Serviços de Saúde Mental de João Monlevade (MG)
Associação dos Usuários dos Serviços de Saúde Mental de Minas Gerais (MG)
Associação dos Usuários dos Serviços de Saúde Mental do Estado de Goiás (GO)
Associação Verde Esperança (MG)
Associação Loucos por Você (MG)
Fórum Cearense da Luta Antimanicomial (CE)
Fórum Gaúcho de Saúde Mental (RS)
Fórum Goiano de Saúde Mental (GO)
Fórum Mineiro de Saúde Mental (MG)
Instituto Damião Ximenes (CE)
Movimento dos Usuários dos Serviços de Saúde Mental da Bahia (BA)
Movimento Pró-Saúde Mental do Distrito Federal (DF)
Núcleo Antimanicomial do Pará (PA)
Núcleo da Luta Antimanicomial da Paraíba (PB)
Núcleo de Estudos pela Superação do Manicômio (BA)
Núcleo Estadual de Saúde Mental (AL)
Núcleo Estadual do Movimento da Luta Antimanicomial (RN)
Núcleo Libertando Subjetividades (PE)
Núcleo Por Uma Sociedade Sem Manicômios (SP)

Blog - http://marchadosusuarios.blogspot.com

e-mail marchadosusuarios@gmail.com

domingo, 5 de julho de 2009

JUSTIÇA CONDENA SEIS ACUSADOS PELA MORTE DE DAMIÃO XIMENES

Justiça condena seis acusados
O Povo/CE

Quinta-feira, 02 de julho de 2009
Foram condenados a seis anos de prisão, inicialmente em regime semiaberto, os apontados como responsáveis pela morte de Damião Ximenes numa clínica psiquiátrica em Sobral, em 1999. Após quase dez anos de espera, foram condenadas seis pessoas consideradas responsáveis por maus-tratos que resultaram na morte de Damião Ximenes Lopes na Casa de Repouso Guararapes, em Sobral (a 230 km de Fortaleza). O juiz da comarca do município, Marcelo Roseno de Oliveira, fixou a pena em seis anos de prisão, cumprida inicialmente em regime semiaberto. A irmã de Damião, Irene Ximenes, classifica a sentença como “suave” e diz que vai recorrer da decisão.
Damião, que completaria 40 anos em 2009, foi internado pela família para tratar de problemas mentais e foi encontrado morto na clínica, com escoriações por todo o corpo e lesões compatíveis com espancamento e tombos, de acordo com o laudo do Instituto Médico Legal (IML).
Foram condenados pelo caso o dono da casa de repouso, depois fechada, Sérgio Antunes Ferreira Gomes, os auxiliares de enfermagem Carlos Alberto Rodrigues dos Santos, Elias Gomes Coimbra e André Tavares do Nascimento, a enfermeira-chefe Maria Salete Moraes Melo de Mesquita e o médico que estava de plantão no dia, Francisco Ivo de Vasconcelos.
“Para nós ainda não houve justiça. Foi um crime bárbaro, ele foi torturado de uma forma cruel e desumana. Ninguém foi para a cadeia e parece que ninguém vai, porque talvez ainda recorram”, afirma Irene. Tanto os condenados como a família da vítima podem recorrer ao Tribunal de Justiça do Ceará e, a depender da decisão nessa instância, levar o caso para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) ou Supremo Tribunal Federal (STF).
A morte de Damião teve grande repercussão por ter sido o primeiro caso brasileiro a chegar à Corte Interamericana de Direitos Humanos, tribunal máximo da Organização dos Estados Americanos (OEA). O Brasil foi condenado, em 2006, por violações de direitos humanos, tendo de pagar uma indenização à família. O Estado também deveria determinar mais rapidez nos processos do caso julgados pela Justiça brasileira.
Na sentença, o juiz Marcelo Roseno de Oliveira reconhece a demora no julgamento e aponta como um dos motivos a complexidade do processo, por envolver vários réus e quase 40 testemunhas. A advogada Renata Lira, que acompanha o caso pela ONG Justiça Global, avalia que mesmo com os fatores apontados pelo magistrado, “por se tratar de um crime de maus-tratos com todos os indícios, houve uma demora altamente injustificável”.
A advogada reconhece um avanço nas políticas de saúde mental desde a morte de Damião Ximenes, mas detecta que o mesmo não acontece com a investigação e punição dos crimes em clínicas psiquiátricas. “Se esse caso foi até uma corte internacional e demorou dez anos, imagina os tantos outros que ficarão sem nenhuma resposta”, ressalta Renata Lira. O POVO não conseguiu contato com os sentenciados, nem com seus advogados.
HISTÓRICO DO CASO >1º de outubro de 1999
Damião Ximenes tem ataque de nervos e é internado na Casa de Repouso Guararapes como paciente do SUS.
> 3 de outubro de 1999
Damião, segundo o relatório médico, teve de ser contido à força por um enfermeiro, quando teria se machucado.
> 4 de outubro de 1999
A mãe, Albertina Ximenes, vai visitá-lo por volta de 9 horas e o encontra sangrando, nu, com dificuldade para respirar e as mãos amarradas para trás. Damião é levado ao médico do hospital, que receita remédios sem examiná-lo. Duas horas e meia depois, Damião morre. No mesmo dia, o médico Francisco Ivo retorna à clínica e aponta no relatório que a causa da morte foi “parada cárdiorrespiratória”. O corpo de Damião é levado para o IML em Fortaleza. O laudo foi “morte indeterminada”.
> 13 de outubro de 1999
A mãe de Damião apresenta o caso à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia.
> 17 de agosto de 2006
Sentença da Corte da OEA condena o Brasil a pagar uma indenização de US$ 150 mil à família de Damião.
> 29 de junho de 2008
O juiz da comarca de Sobral condena os seis apontados como responsáveis pela morte de Damião pelo crime de maus-tratos.



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sexta-feira, 26 de junho de 2009

LITERATURA

Escritor Milton Freire lança o livro Vida Poesia no dia 30 em Goiânia


O escritor Milton Freire convida para o lançamento do seu livro “Livro Vida Poesia”, no dia 30 de junho, às 19 horas, na sala Solon Amaral, na Assembleia Legislativa de Goiás. Inspirado em Clarice Lispector, Milton Freire conta que, após visitar uma exposição da escritora no Rio de Janeiro, sentiu-se como um dos seus personagens, que após um evento inesperado são tomados por certa perturbação seguida de iluminação. Segundo ele, no livro Vida Poesia, o sonho do poeta foi libertar-se para estar de volta a uma sensação plena de vida. Ao escrever o livro, ele afirma ter superado o diagnóstico de esquizofrenia, as longas internações, os eletrochoques e os choques insulínicos, que deixaram fortes seqüelas de pânico e interromperam suas tentativas de estudar e trabalhar.

Após anos de internações no Rio de Janeiro, Milton Freire se tornou militante da Luta Antimanicomial pelo Brasil. Segundo ele, as sequelas deixadas pelos tratamentos desumanos nos hospitais psiquiátricos foram superadas através da própria literatura, que preencheu sua solidão. Milton afirma que somente conseguiu retomar sua vida e se recuperar após se adaptar a um tratamento em serviço aberto com Nise da Silveira. Com seu esforço autodidata, ele fez o supletivo, prestando exames e eliminando matérias, sem poder freqüentar sala de aula. Conseguiu até passar em vestibulares, mas as crises não permitiam a conclusão dos cursos. Paralelamente, recuperou sua vida afetiva, formando uma família longe dos pais, quando passou a ter um intenso engajamento na Luta Antimanicomial, da qual também foi pioneiro. Fez o primeiro manifesto sobre a condição dos usuários em 1977, publicado em carta para o Jornal do Brasil e reeditado no livro “Artaud – A Nostalgia do Mais”.

Entre as publicações de Milton Freire há textos nos livros“ A Instituição Sinistra – Mortes Violentas em Hospitais Psiquiátricos”, do Conselho Federal de Psicologia - 2001; “Loucura, Ética e Política: Escritos Militantes”, da Casa do Psicólogo, e o texto “Uma Estranha Arte”, na Revista Quaternio, 2001. Em sua carreira, Milton Freire é diretor do Instituto Franco Baságlia do Rio de Janeiro – IFB, no Rio de Janeiro, e Representante da Rede Nacional Internúcloes da Luta Antimanicomial na Comissão Intersetorial de Saúde Mental do Conselho Nacional de Saúde. Também viaja pelo Brasil incentivando e colaborando com a criação de associações de Usuários de saúde mental e ainda colaborando com as discussões e implantação de novos serviços de saúde mental.



Anote
Lançamento do Livro Vida Poesia, de Milton Freire
Data: 30 de junho de 2009
Horário: 19 horas
Local: sala Solon Amaral, na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás

LANÇAMENTO DOS TRABALHOS DA 1ª CONFERÊNCIA NACIONAL DE COMUNICAÇÃO E DO LIVRO VIDA

terça-feira, 16 de junho de 2009

Vida Poesia - Milton Freire


No livro, o autor, através de um exercício poético, inspirado na obra de Clarice Lispector, retrata seu longo sonho de realização simbólica pessoal, cuja referência cultural foi o processo de criação vivenciado e elaborado na Casa das Palmeiras, no Rio de Janeiro, e no engajamento na causa da luta antimanicomial.
Lançamento:
Data – 30/06/09
Horário – 19h
Local – Auditório Sólon Amaral – Assembléia Legislativa do Estado de Goiás.
Contatos – mfreirepereira@bol.com.br

MANIFESTO DO III FÓRUM DO LIVRE-PENSAR ESPÍRITA "SAÚDE MENTAL, ESPIRITISMO E CIDADANIA" SAÚDE MENTAL: CUIDAR SIM, EXCLUIR NÃO!!!

Espíritas de todo o Brasil, reunidos nos dias 5 e 6 de junho de 2009, em Guarulhos-SP, durante o III Fórum do Livre-Pensar Espírita, que teve como tema central “Espiritismo, Saúde Mental e Cidadania”, redigiram o seguinte manifesto:

Considerando,
- o caráter progressista, humanista, laico, livre-pensador e libertário da doutrina espírita, fundada por Allan Kardec;
- que manicômio é um termo genérico utilizado para classificar hospícios, asilos, hospitais psiquiátricos e demais lugares de tratamento da doença mental que se valem do princípio do isolamento do louco da sociedade, um lugar onde os internados perdem todas as suas referências de vida e são excluídos do convívio familiar, do trabalho, do local onde moram, da cidade e que perdem, portanto, a maior garantia que a sociedade moderna pretende dar a todos, a cidadania;
- que há décadas o movimento espírita brasileiro, motivado pelo desejo de acolher os sofredores de transtornos psíquicos, fazer a caridade e propiciar o acesso às terapias espíritas, instituiu uma ampla rede de hospitais psiquiátricos espíritas;
- que ainda está sob controle dos hospitais psiquiátricos espíritas significativa quantidade de leitos psiquiátricos;
- que essas instituições, mesmo sem reproduzir as práticas de violência que caracterizam os hospitais psiquiátricos, mantêm a exclusão como prática assistencial;
- que novos modelos de cuidado em saúde mental têm sido propostos, inclusive com amparo na legislação federal, mais concernentes com os postulados éticos oriundos da doutrina espírita, possibilitando a construção de um modelo assistencial de base comunitária mais consentâneo com os postulados humanistas defendidos pelo espiritismo;
- que a Constituição Federal, alinhada à Declaração Universal dos Direitos Humanos, impõe sejam resguardados os direitos fundamentais de liberdade e igualdade, presentes na Lei Natural (inscrita em nossa consciência);

Resolvem declarar que entendem devam os espíritas:

1) Apoiar e participar ativamente da Reforma Psiquiátrica, que propõe transformar o modelo assistencial em saúde mental e construir um novo estatuto social para o louco: o de cidadão como todos os outros;

2) Apoiar a substituição progressiva dos manicômios e demais práticas de internamento que resultem na exclusão social dos indivíduos portadores de transtornos mentais;

3) Apoiar a substituição do modelo manicomial pela criação de uma rede de serviços territoriais de atenção psicossocial, de base comunitária;

4) Apoiar a lei 10.216/2001, que propõe uma ampla mudança do atendimento público em Saúde Mental, garantindo o acesso da população aos serviços e o respeito a seus direitos e liberdade, o que significa mudar o modelo de tratamento: no lugar do isolamento, o convívio com a família e com a comunidade;
5) Exigir das autoridades públicas que cumpram sua responsabilidade e implementem, objetivamente, a rede de saúde mental de base comunitária (CAPS, Residências Terapêuticas, Lares Abrigados, ações para redução de danos, etc.) e leitos de curta permanência em hospitais gerais qualificados para integrar a referida rede;

6) Conclamar a comunidade espírita para uma reflexão séria e responsável sobre a conveniência de manter ou eliminar progressivamente os hospitais psiquiátricos espíritas. Por mais respeitáveis que sejam os objetivos dessas instituições, elas professam um modelo historicamente ultrapassado e eticamente indefensável. Essas instituições, que contam com um enorme patrimônio e muitos colaboradores, não podem e não devem simplesmente encerrar suas atividades. Sugere-se produzir uma redefinição do perfil das instituições, voltando suas atividades para o cuidado aos idosos, à população em situação de vulnerabilidade social, desenvolvendo, em particular, atividades educacionais, culturais e profissionalizantes;

7) Adotar o trabalho efetuado em instituições espíritas (emissão energética à distância, passes, orientação espiritual a encarnados e desencarnados, desobsessão, etc.). Essas práticas claramente se inscrevem entre as diferentes modalidades de cuidado em saúde mental de base comunitária e têm uma contribuição inimaginável na diminuição e no controle da ocorrência de casos graves de transtornos psiquiátricos;

8) Reconhecer que o espiritismo, ao tratar da questão da saúde mental sem a interferência de dogmas religiosos, mas respeitando os sentimentos de religiosidade de cada um (paciente, familiares e profissionais de saúde) pode contribuir eficazmente com as demais ciências e correntes do pensamento, alargando a compreensão sobre a natureza humana, sua subjetividade, seus sofrimentos e transtornos psíquicos, a partir da abordagem de sua dimensão espiritual;

9) Conclamar a comunidade espírita a cerrar fileiras junto ao Conselho Nacional de Saúde e em outros espaços de debate e atuação públicos, com as posições defendidas pela OMS, OPAS, parlamentares, gestores públicos das três esferas de governo, representantes do Ministério Público, instituições universitárias, ONG e outros setores progressistas de nossa sociedade que defendem a REFORMA PSIQUIÁTRICA E UMA SOCIEDADE SEM MANICÔMIOS!


Guarulhos, 6 de junho de 2009.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

MANIFESTO

CUIDAR, SIM. EXCLUIR, NÃO.

A posição da Prefeitura de São Bernardo do Campo sobre a “clínica” para tratamento de usuários de álcool e drogas inaugurada pelo Governo de São Paulo em nosso município.
Em 31/03/09 fomos surpreendidos com a inauguração de uma clínica para internação de pessoas que usam drogas em São Bernardo, numa parceria entre o grupo que controla um hospital psiquiátrico (Hospital Lacan) e o governo de SP. Os recursos que custeiam tal empreendimento são provenientes do tesouro do estado (R$ 3.000,00 por paciente/mês) e serão repassados sob a forma de convênio, sem que o município, gestor do SUS, tenha qualquer tipo de regulação sobre o acesso ou o controle do serviço.

Não podemos concordar com a forma como esse projeto foi implantado, sem nenhuma participação do município, em desrespeito ao Pacto pela Saúde e ao largo das normas e portarias que tem definido as diretrizes de gestão, atendimento e financiamento do SUS. O projeto sequer foi discutido com a Secretaria Municipal de Saúde, embora tenha sido divulgado que os CAPS locais usariam articuladamente esse serviço. Os recursos que serão utilizados são públicos e, assim, pertencem ao SUS, exigindo que as instâncias que fazem parte deste último participem efetivamente do processo, pactuando e construindo a lógica de funcionamento do sistema.

Alem disso, discordamos profundamente do modelo que rege o projeto, e que fomenta a internação psiquiátrica como o tratamento em si, sem problematizar a experiência existencial dos sujeitos que irá atender. Entendemos também que a criação destes leitos fere a Lei Federal 10.216/01, que proíbe a instalação de novos leitos psiquiátricos no país.

Repudiamos qualquer tentativa maniqueísta e moralista de tratar a questão do uso de drogas, um fenômeno complexo, multifatorial, que exige um diálogo, portanto, também complexo. O que está em questão não é só a saúde, mas a liberdade, o protagonismo, os projetos de vida, os direitos de cada pessoa, seja ela usuária de drogas, louca, ou o quer que seja.

Manifestamos nossa adesão aos avanços da reforma psiquiátrica no campo das drogas, ao importante papel dos CAPS nos territórios e nos percursos de seus usuários, na construção cotidiana de projetos de vida e na ampliação de possibilidades de existência. Entendemos que as situações de desintoxicação e os riscos trazidos pela abstinência devam ter o hospital geral como lugar de suporte. Repudiamos a institucionalização e o puro controle das transgressões exercido pelo hospital psiquiátrico, as “clínicas” especializadas em internar e alienar as pessoas que usam e abusam de drogas.

Queremos que os usuários dos serviços de saúde mental sejam os protagonistas de seus percursos de vida, de suas escolhas, de seus desvios, que possam viver suas contingências. Nenhum sentido novo à existência é construído quando submetemos à força aqueles que desviam, e que, com suas transgressões, questionam valores que nos são caros. É comum querermos afastar tudo aquilo que nos faz lembrar de nossa própria condição trágica de humanidade.

A clínica especializada do governo de SP não vai tirar à força, como num parto a fórceps, a necessidade das pessoas que dependem das drogas. Não vai, como num passe de mágica, transformar a condição cotidiana de vida das pessoas a partir de dentro do hospital.

Apoiamos a política de redução de danos, a desinstitucionalização, a prática territorial e a produção de saúde, e continuaremos a enfrentar os revezes que se nos apresentam, construindo políticas afirmadoras da vida em São Bernardo do Campo.

Implantaremos, com entusiasmo e compromisso, a reforma psiquiátrica em nosso município.

A luta está apenas começando!

Arthur Chioro
Secretário de Saúde

Fernando Kinker
Coordenador do Programa de Saúde Mental

sábado, 4 de abril de 2009

CURSO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA EM SAÚDE MENTAL


Período: 07/04/2009 a 07/07/2009
Local: Auditório do Conselho Regional de Psicologia

O Fórum Goiano de Saúde Mental, em parceria com o Conselho Regional de Psicologia – 9ª Região – GP/TO, realizou o primeiro Curso de Capacitação em Saúde Mental no primeiro semestre de 2008. No segundo semestre do mesmo ano, fez também parceria com a Universidade Federal de Goiás, e o curso transformou-se em Curso de Extensão Universitária em Saúde Mental. O próximo curso será iniciado no dia 07 de abril.
O Curso abordará questões referentes à construção histórica da loucura, as implicações desta no modelo vigente de atenção psicossocial da rede de saúde pública, trabalhando questões relacionadas ao sofrimento mental, enfatizando os fatores culturais que estão envolvidos neste fenômeno. Desta forma, contribuirá na compreensão e reflexão sobre o sofrimento mental, de maneira crítica, a fim de fortalecer o controle social.
Reunirá pessoas que procuram aprender e ensinar alguma coisa sobre a loucura (pessoas que querem compreendê-la: usuários de saúde mental, familiares, profissionais da área, estudantes e outros interessados) num espaço que assegure relações de poder menos assimétricas possíveis, e desta forma, qualificará a sua participação no controle social.
Sua duração será de três meses, 40horas/aulas distribuídas da seguinte forma: A primeira parte, teórica, será composta por doze aulas de três horas cada, que serão ministradas semanalmente, totalizando 36 horas/aulas. A segunda parte, prática, será composta de 04 horas para a realização de visitas institucionais. Ao final do curso o participante deverá apresentar, por escrito, um documento de registro do seu posicionamento.
Serão formadas turmas de até 40 participantes, inscritos previamente, que receberão certificado de formação na conclusão do curso, para aqueles que obtiverem no mínimo 80% de presença. Terão prioridade de inscrição as pessoas que já participam dos conselhos locais dos CAPS ou que se interessa em candidatar-se a conselheiro. Havendo interesse, outras turmas poderão ser formadas semestralmente, sem custos para os participantes.
As inscrições poderão ser feitas de 25.03 a 06.04 de 2009, pelo site do CRP-09 http://www.crp09.org.br/ ou no local – sede do CRP- 09 - Av. T2; nº803; Setor Bueno – Goiânia.

Programação

Data 07.04
Hora - 14h às 17h
Tema - Aula Inaugural - Apresentação do filme Quinta Essência – de Lourival Belém Júnior
Facilitadores - Sebastião Benício Neto/Deusdet do Carmo Martins/Heloiza Helena Massanaro

Data 14.04
Horario - 14h às 17h
Tema - Registros de posicionamento: atas; relatórios; denuncias; moções e ofícios.
Facilitadoras - Renata da Costa Teixeira/Ana Maria Evangelista das Neves
Data - 28.04
Horário - 14h às 17h
Tema - História da cultura manicomial e Reforma Psiquiátrica
Facilitadores - Larissa Arbués Carneiro/Valderson da Silva Talon

Data - 05.05
Horário14h às 17h
Tema - Movimentos sociais e Loucura
Facilitadores - Deusdet do Carmo Martins/Abraão José da Paz
Data - 12.05
Horário - 14h às 17h
Tema - Loucura, direitos humanos e cidadania
Facilitadora - Morgana Rodrigues

Data - 26.05
Horário - 14h às 17h
Tema - As drogas como loucura reversível
Facilitadores - Juliana Guimarães Borges/CAPS Girassol

Data -02.06
Horário - 14h às 17h
Tema - Espaços de cuidado e construção de rede
Facilitadores - Heloiza Helena Mendonça Almeida Massanaro/Dener Venâncio da Silva

Data -09.06
Horário - 14h às 17h
Tema - A conquista do direito à vida (direitos assistenciais, previdenciários e o fim da exigência da Curatela)
Facilitadoras - Ivanilda Bento de Oliveira Araujo/Ângela Souza

Data - 16.06
Horário - 14h às 17h
Tema - Loucura, legislação e acesso à justiça
Facilitador - Saulo Meneses (A confirmar)

Data - 23.06
Horário - 14h às 17h
Tema - O SUS e os órgãos de Controle Social
Facilitadores - Loudes (CMS)/Sebastião Lopes

Data - 30.06
Horário - 14h às 17h
Tema - A periculosidade da loucura: da razão científica à exclusão social.
Facilitadores - Lourival Belém de Oliveira Júnior/Lindomar da Silva

Data - 07.07
Horário - 14h às 17h
Oficina: A loucura como vontade e alegria/Avaliação
Coordenação

sexta-feira, 3 de abril de 2009

SEMINÁRIO ITINERANTE



Esse projeto é resultado da parceria entre os estudantes, em prol dos avanços na Reforma Psiquiátrica Brasileira através da ampliação das discussões em diversas áreas de conhecimento. Uma proposta construída pelo Grupo de Trabalho da Luta Antimanicomial Eduardo Araújo e pelo Núcleo Acadêmico de Saúde Mental na busca de transformações a nível cultural e comportamental das pessoas que estão à frente destas possibilidades de mudanças, enquanto produtores de conhecimento na sociedade.
Pretende-se promover Seminários em espaços referentes a diversos cursos da UFBA, abordando a loucura dentro de temáticas vinculadas aos mesmos. Propõe-se uma abordagem diferenciada do clássico modelo de exposição palestrante- ouvinte, ao buscar desenvolver dinâmicas e discussões com o público presente de forma que estas sejam coerentes com suas vivências cotidianas, posturas adotadas, valores, necessidades e dificuldades.

Inscrições: www.gteduardoaraujo .blogspot. com

sábado, 28 de março de 2009

Materia do jornal A Tarde

Centro para doenças psiquicas é flagrado em condição irregular

Luana Gomes, do A TARDE
Maus-tratos, infraestrutura precária, falta de profissionais de saúde e cárcere privado. Estas foram algumas das irregularidades constatadas no Centro de Recuperação Valentes de Gideão, que mantém 121 homens acima de 18 anos, entre doentes mentais e dependentes químicos, no município de Simões Filho. A vistoria-surpresa foi realizada na quinta-feira, dia 12, pelos conselhos regionais de Psicologia e de Serviço Social, acompanhados das entidades Núcleo de Estudos pela Superação dos Manicômios (Nesm), Associação Metamorfose Ambulante de Usuários e Familiares de Serviços de Saúde Mental (Amea) e GT Estudantil da Luta Antimanicomial Eduardo Araújo, que chegaram ao local por meio de uma carta-denúncia anônima.

A equipe foi recebida pelo pastor Jorge Barbosa, responsável pela administração do local. O primeiro ponto vistoriado foi, segundo Barbosa, “onde os doentes mais críticos são alojados”. Ele não explicou os critérios de triagem. Após três portões de ferro, os profissionais tiveram acesso a 60 internos descalços, muitos sem camisa e outros de cueca, que vagavam sem ocupação. Lá, o acesso à água é através de uma bacia no chão com canecas boiando, onde todos bebiam sem restrições.

Médicos – Segundo o pastor, um único médico, o clínico geral Getúlio Dórea Mendes (CRM 5743), é responsável pelos internos da instituição. “Ele comparece três vezes na semana. Os mais graves, encaminha para o doutor Luís Leal, um psiquiatra que atua na cidade”, afirmou Barbosa. No consultório, “seringas descartáveis abertas guardadas em copos plásticos para reutilização, falta de prontuários médicos e remédios, em sua maioria amostras grátis, sem armazenamento adequado, alguns em sacos colocados no chão”, observou Marcos Vinícius de Oliveira (Nesm).

Oliveira assinalou que muitos dos homens apresentam sinais de maus tratos, erisipela, escabiose, hematomas e falta de curativos. “Os internos com quadros mais graves, segundo um deles me garantiu sem se identificar, dormem trancados e apanham. O que caracteriza cárcere privado já que este centro não possui mandato médico autorizado pelo Ministério Público para impedir o direito de ir e vir de cada um”, disse.

Dentre as demais irregularidades vistas, a equipe listou as condições insalubres do refeitório, onde a comida é cozida em um fogareiro ao chão e as carnes manuseadas ao ar livre sem luvas. “Não podemos descartar as camas de cimento com colchões finos”, relatou Edna Amado (Nesm).

De acordo com os representantes das instituições responsáveis pela vistoria, um relatório das irregularidades será encaminhado ao Ministério Público, à Assembleia Legislativa e às secretarias de Saúde do Estado e do Município. “Vamos solicitar a interdição imediata do local”, completou Marcos.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Associação Chico Inácio participa da III Caravana das Águas

Foto: Rogelio Casado - SOS Encontro das Águas - Manaus-Am, 22.03.2009
Dia de luta - Elina do Espírito Santo, da Associação Chico Inácio - filiada à Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial, participou neste domingo que passou - Dia Mundial da Água - da III Caravana das Águas, uma realização do movimento SOS Encontro das Águas.

Várias entidades da sociedade civil organizada compareceram no Mirante das Lajes para protestar contra a construção de um porto, bem defronte do Encontro das Águas, ali onde nasce o Rio Amazonas em território brasileiro.

Abaixo-assinado - Acesse o PICICA - blog do Rogelio Casado, clique no ícone SOS Encontro das Águas e assine o abaixo-assinado do movimento. A natureza e a cultura agradecem.

sábado, 7 de março de 2009

“A Chico Inácio e o Dia Internacional da Mulher”

Foto: Nivya Valente - Elina do Espírito Santo - Manaus-Am, o6.03.2009


“A Chico Inácio e o Dia Internacional da Mulher”

Por Nivya Valente

Na Associação Chico Inácio, a maioria dos associados são mulheres: mulheres sujeitas a sofrimento psíquico, mulheres mães dos companheiros associados, mulheres irmãs, algumas mulheres são voluntárias, outras são mulheres de boa vontade que contribuem, à distância, com a Chico Inácio.

Ontem, uma delas, D. Elina do Espírito Santo, 55 anos, costureira de profissão, mãe de um casal de filhos que convivem com o sofrimento psíquico, atual 2ª secretária da ONG, marcou presença em mais uma manifestação pública organizada pelo movimento social “Articulação de Mulheres do Amazonas” pelo Dia Internacional da Mulher, em pleno coração da Zona Franca de Manaus, no centro da cidade, sob as bênçãos da padroeira da cidade, Nossa Senhora da Conceição.

Lá estava, mais uma vez, D. Elina fazendo um chamamento da sociedade para aderir ao abaixo-assinado “Pela implantação de uma rede de CAPS em Manaus”. Ela e o companheiro Marcio Jordelane, vice-presidente da Associação.

D. Elina tem uma longa história de militância na Chico Inácio. Participou das paradas do orgulho louco, dos abraços simbólicos aos monumentos históricos da nossa cidade, das audiências públicas municipais e estaduais pela votação e sanção da lei estadual de saúde mental, da avaliação dos dois modelos de saúde mental existentes no SUS do Amazonas, que pela primeira vez contou com usuários e familiares na mesa de discussão, além dos eventos de 18 de maio (dia nacional de luta antimanicomial) e 10 de outubro (dia mundial de saúde mental), e da conferência estadual de direitos humanos.

Quando comentei - antes de levar o assunto para a próxima assembléia geral da ONG - sobre o Movimento “SOS Encontro das Águas” (contra a construção de um porto e pelo tombamento do Encontro das Águas), ela foi a primeira a aderir ao abaixo assinado proposto pela AMANA - Associação Amigos de Manaus.

Na carona até próximo da sua casa, comentou que dia desses passou pela frente da casa aonde será o próximo CAPS, falou com o vigia, fez perguntas, enfim sondou alguma coisa sobre a inauguração. Em seguida convidou o Márcio a ir até a SEMSA (Secretaria Muncipal de Saúde) para acompanhar mais de perto o processo de implantação do próximo CAPS, na zona sul de Manaus (o segundo da cidade), localizado no bairro onde ela mora com a família.

Eita mulher de fibra, D. Elina! E ainda ajuda a cuidar de sua mãe já velhinha e doente. Em Manaus, D. Elina é uma fonte de incentivo permanente para os militantes da luta por uma sociedade sem manicômios. No Dia Internacional da Mulher ela é nossa homenageada.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

O caso Weber

Foto: Rogelio Casado - Weber e sua mãe - Manaus-Am, 14.02.2009

O caso Weber

Por Rogelio Casado

Usuário de serviço público de saúde mental, indignado com o tratamento recebido no Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro, reclama por um direito que lhe foi negado

Direito ao trabalho

Ontem, 14 de fevereiro, dia do aniversário do meu filhote Juan, recebi em minha casa a visita inesperada de Weber Reis Moraes Pessoa, 32 anos. Veio acompanhado de sua mãe. Ambos são filiados à Associação Chico Inácio (que integra a Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial), ONG que atua no campo da defesa dos direitos civis, políticos e sociais de pessoas com sofrimento psíquico.

Como fui um dos fundadores dessa ONG, é a mim que seus filiados costumam recorrer na hora do sufoco. Foi o caso. Tudo porque Weber precisava de um simples atestado médico psiquiátrico para fins de renovação do contrato de trabalho num programa de inclusão social criado na administração do prefeito Alfredo Nascimento, atual Ministro dos Transportes.

Trabalho protegido

Concedi o atestado negado pelo ambulatório do Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro, da Secretaria de Estado da Saúde, onde estão concentradas a maior parte do atendimento das demandas de uma cidade com 2 milhões de habitantes, por uma razão: o movimento social que luta pelo fim dos hospitais psiquiátricos e seus ambulatórios de medicalização da dor humana considera que políticas de inclusão social passam pela oferta de “trabalho protegido”. É o caso.

Ora, Weber havia sido beneficiado, há alguns anos atrás, menos pela sorte do que pela sensibilidade de uma assistente social que atua num órgão municipal. Trata-se de um caso raro, exemplar. Ainda não existe formalmente nenhuma política que ofereça “trabalho protegido” a pessoas com “sofrimento psíquico leve”. No entanto, a assistente social “transgrediu” a norma vigente. Bom sinal. Nem tudo está perdido. Mas ainda é muito pouco para reverter as omissões habituais quanto aos direitos humanos dos usuários dos serviços de saúde mental.

Trágica evidência

O ato de atestar favoravelmente pela renovação do contrato de trabalho para a situação especial de Weber é mais do que um ação solidária, é o reconhecimento de um direito que a lógica da atenção e cuidados em saúde mental vigente no modelo manicomial não reconhece. E não reconhece devido a incidência do modelo médico nos atendimentos ambulatoriais, com sua aversão às demandas sociais, para as quais a psiquiatria conservadora responde medicalizando.

O gesto medicalizador foi ouvido por Weber aos berros: “Você desmaia? Você desmaia? Você desmaia?“. Diante da negativa, a sentença médica: “Então não vejo nada que indique algum transtorno”. Se não há transtorno, não há como justificar um atestado médico. Percebe-se que há um equívoco, Weber não quer atestado para afastar-se do trabalho, com o benefício pecuniário correspondente. Tudo o que ele pede é um atestado para renovação de um contrato de trabalho. Entretanto, não conseguia ser ouvido. A lógica do discurso médico está a serviço de uma outra que lhe é ditada por interesses alheios à relação médico-paciente. Na ampla maioria dos casos, as demandas já estão codificadas. Não há espaço para outras leituras.

Porém, há algo mais trágico que se pode ler neste episódio: nem todos os recursos humanos que atuam em modelos anacrônicos de atenção à saúde mental estão convertidos plenamente ao modelo substitutivo ao manicômio e seus ambulatórios. Daí se explica, em parte, porque a Reforma Psiquiátrica no Amazonas anda a passos de tartaruga. E, certamente, porque a Lei de Saúde Mental do Amazonas (11.10.2007) terá dificuldades em sair do papel, se depender de profissionais cujas práticas espelham a mais trágica das alienações: a abstração dos direitos do homem com sofrimento psíquico. Para esses profissionais o conceito de homem certamente é usado não para por fim a alienação, mas para reproduzi-la, sem nenhuma visão crítica.

Agressividade

A humilhação e o modo agressivo com que Weber e sua mãe foram tratados no ambulatório do Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro, no dia 11.02.2009, é inaceitável. Até a Glória Perez sabe que o tratamento dispensado às pessoas com sofrimento psíquico está mudando no Brasil. No Amazonas, ainda tem gente que insiste em desconhecer essa evidência. Seria o caso de estabelecer a mais cruel das penas: obrigar o indigitado profissional, que destratou Weber e sua mãe, a assistir a novela das oito e reproduzi-la, de joelhos, no dia seguinte para todos os "pacientes" do ambulatório. Ora, pois!

Fonte: www.rogeliocasado.blogspot.com
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terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

A FAVOR DA DEMOCRATIZAÇÃO NA COMUNICAÇÃO BRASILEIRA

MANIFESTO DA RESISTÊNCIA SOLIDÁRIA I


Após muito tempo de luta limpa, o governo que realmente representa o povo Brasileiro foi eleito e mesmo com as dificuldades impostas pelos interesses imediatistas de enriquecimento ilícito e de nações hegemônicas, continuamos a insistir em querer acreditar que a hora da verdade chegou.

Nós, da rede ABRAÇO de rádios comunitárias, estamos lutando por um lugar ao sol, de forma digna com amparo da lei, mas com pouco recurso financeiro.

Gostaríamos de pedir ao governo Brasileiro que olhasse para nós com mais atenção, pois vivemos numa democracia, que significa um governo onde o povo tem o poder de ajudar a construir uma nação soberana, junto a um representante eleito de forma direta.

Dizem que o brasileiro às vezes vota mal, por que tem memória curta e se deixa seduzir pelo primeiro bonitão que fala uma coisa legal. Acreditamos que esta realidade está mudando e que a representatividade atual está disposta a fazer justiça diante de tanta maldade feita às pessoas simples, com amparo da lei e do aparato de repressão armada dos últimos governantes.

Não é difícil encontrar uma pessoa consciente que possa descrever a história do surgimento da mídia no Brasil que para atingir tamanho poderio, se valeu de métodos excusos de apoiar governos facistas, onde milhares de pessoas morreram e foram sacrificadas de alguma forma para enriquecer poucas pessoas que se julgam acima do bem e do mal e que são verdadeiros bandidos travestidos de autoridades.

Na história do desenvolvimento da midia no Brasil, sabemos que o governo atual, que custou chegar ao poder, foi massacrado, para que a nação nunca fosse representada por um legítimo representante do povo. Os donos dessa mídia, sempre tranqüilos, pois durante anos reinou a mentalidade de não se preocupar com dinheiro, pois eles sabiam, que naquela época eles mandavam no Brasil e que quando necessitacem de dinheiro, bastava fazer uma chantagenzinha no congresso nacional que o dinheiro vinha rapidinho.

Hoje, no momento histórico que vivemos, parece que Deus resolveu olhar para nós, pois a máxima se confirmou: Deus escreve certo por linhas tortas. O atual governo que foi masscarado pelos gangsters da impressa, que se julgam verdadeiros intocáveis está bajulando o nosso presidente, não porque reconheceu a idoneidade do Lula, mas porque precisam puchar o saco dele, para receberem os R$ 4.000.000.000, 00 para pagarem as suas dívidas e não serem vendidas.

Nós da Rede ABRAÇO das rádios comunitárias, exigimos do governo que a mesma lei que reprime pessoas simples seja aplicada aos criminosos do colarinho branco, que fizeram tanta maldade à nossa nação e que hoje continuam e querer serem poderosos, acreditando que a era dos brasileiros burros ainda impera. QUEREMOS JUSTIÇA!

Queremos que o governo Lula, que todos sabemos, que se não conseguir fazer muita coisa por nós, mas que se pelo menos moralizar o país, para mostrar que a lei se aplica tanto para ricos e pobres, mostre o seu amor pelo povo Brasileiro e diga não aos poderosos da imprensa nacional, não dando o dinheiro que eles precisam, pois quem não tem dinheiro para pagar as suas dívidas, deve falir e vender a empresa, de preferência ao capital nacional e de forma descentralizada.

Não temos nada contra os artistas destas empresas, só queremos o nosso lugar ao sol e que eles dividam este bolo com a gente, pois existe espaço para todos.

Não estamos declarando guerra à imprensa poderosa nacional, pois eles tem os intrumentos de repressão armada legal e nós só temos a boa vontade de trablhar e a solidariedade entre nós. Estamos dispostos a lutar até a vitória, que significa, a legalização do nosso espaço, sem interferência e falência das poderosas mídias onipotentes que tanto devem ao país. Somos apenas pessoas dispostas a resistir até o último minuto e lutar até as últimas consequências, usando os instrumentos legais para legitimar o poder do povo.

Se for necessário, iremos parar o país e recolher as 500.000 assinaturas para levar ao congresso nacional, para que a voz do povo brasieliro possa ser ouvida.

Lula, nós votamos em você, agora de um voto de confiança para nós.

Nós não estamos aqui para brincar, reinvidicamos, com base na lei e na constituição Nacional os nossos direitos e temos fome e sede de Justiça.
O que motivou este documento, foi a arbitrariedade d ANATEL, que através da Polícia Federal fechou diversas rádios comunitárias aqui em Belo Horizonte, com um mandato que dizia, mentirosamente, que os transmissores destas rádios estavam interferindo nos equipamentos dos aviões.

Este argumento falso, pode ser desmentido, por qualquer técnico de eletrônica, que irá provar, que as rádios comunitárias tem transmissores com muita pouca potência, portanto menor probabilidade de causar interferência.


Paulo José Azevedo de Oliveira – Coolaborador da Rádio Comunitária A Outra, da Regional Noroeste da Rede ABRAÇO de Rádios Comunitárias.

Belo Horizonte, 15 de novembro de 2004

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Advertência: Movimentos antimanicomiais, que tenha caráter efetivamente nacional, merecem mais respeito por parte das autoridades constituídas. Com este sentimento a RENILA manifestou, mais uma vez, sua discordância quanto a exclusão das entidades representativas da luta antimanicomial da programação do Seminário Nacional e Saúde Mental nas grandes cidades, realizado em Campinas, em junho de 2008. A luta continua!


*****


MANIFESTO AO MINISTÉRIO DA SAÚDE

Excelentíssimo Senhor
Dr. José Gomes Temporão
Ministro da Saúde
Brasília - DF

O Ministério da Saúde, através de sua Coordenação de Saúde Mental, tem realizado importantes eventos para discussão de temas relevantes, relacionados ao processo de Reforma Psiquiátrica e estratégias para sua efetivação. Nos dias 17 e 18 de junho de 2008, realizará o I Seminário Nacional de Saúde Mental nas Grandes Cidades, na cidade de Campinas – SP.

Baseado na identificação de problemas complexos das grandes cidades, o seminário analisará o processo de reforma psiquiátrica brasileira, buscando assegurar uma saúde mental de qualidade. O contexto é considerado como um cenário decisivo para a reforma psiquiátrica. Serão discutidos temas importantes como: Integralidade da atenção, papel da atenção básica, intersetorialidade; urgência/emergência, porta de entrada, regulação, Internação; álcool e outras drogas; A questão da população de rua, incluindo adolescentes e jovens.

Essa é mais uma importante iniciativa da Coordenação de Saúde Mental do Ministério da Saúde, porém lamentamos que, mais uma vez, foram excluídos de participação no evento, atores importantes no processo da reforma psiquiátrica brasileira, ou seja, movimentos sociais que integram a luta antimanicomial.

Dessa forma, a Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial manifesta seu profundo descontentamento, com sua exclusão e de demais segmentos, comprometidos com a efetivação da reforma psiquiátrica brasileira, que foram impedidos de contribuir no referido evento, quando na realidade tem sido os maiores promotores de ações e debates que tem levado à transformação do modelo de atenção em saúde mental no país.

Pela efetiva participação do controle social no processo da reforma psiquiátrica brasileira!

Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial – RENILA


1 Associação Chico Inácio (AM)
2. Associação. dos Usuários dos Serviços de Saúde Mental de João Monlevade (MG)
3. Associação dos Usuários dos Serviços de Saúde Mental de Minas Gerais (MG)
4. Associação dos Usuários dos Serviços de Saúde Mental do Estado de Goiás (GO)
5. Associação Verde Esperança (MG)
6. Associação Loucos por Você (MG)
7. Fórum Cearense da Luta Antimanicomial (CE)
8. Fórum Gaúcho de Saúde Mental (RS)
9. Fórum Goiano de Saúde Mental (GO)
10. Fórum Mineiro de Saúde Mental (MG)
11. Instituto Damião Ximenes (CE)
12. Movimento dos Usuários dos Serviços de Saúde Mental da Bahia (BA)
13. Movimento Pró-Saúde Mental do Distrito Federal (DF)
14. Núcleo Antimanicomial do Pará (PA)
15. Núcleo da Luta Antimanicomial da Paraíba (PB)
16. Núcleo de Estudos pela Superação do Manicômio (BA)
17. Núcleo Estadual de Saúde Mental (AL)
18. Núcleo Estadual do Movimento da Luta Antimanicomial (RN)
19. Núcleo Libertando Subjetividades (PE)
20. Núcleo Por Uma Sociedade Sem Manicômios (SP)

domingo, 25 de janeiro de 2009

CARTA DE PRINCÍPIOS


REDE NACIONAL INTERNÚCLEOS DA LUTA ANTIMANICOMIAL



CARTA DE PRINCÍPIOS


1-Histórico


A Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial constituiu-se a partir da decisão coletiva de representantes de 13 núcleos da luta antimanicomial de todo o Brasil, reunidos em dezembro de 2003, em Brasília. O Manifesto pela Luta Antimanicomial: em boa companhia, divulgado então, apresenta a história e as razões da criação da Rede – reproduzidos brevemente nas linhas que se seguem.


Relembrando o Congresso de Bauru, em 1987, onde nasce a palavra de ordem “Por uma sociedade sem manicômios”, e o I Encontro Nacional do Movimento Antimanicomial, em Salvador, 1993, reiteramos nosso compromisso com a organização plural e solidária desta luta em âmbito nacional. Enfatizando as inúmeras e valiosas conquistas obtidas desde então, constatamos, todavia, que a forma e o ritmo da organização do movimento já não acompanhavam a intensidade de sua força. Este descompasso se revela quando, embora por iniciativa de alguns poucos, nosso fóruns nacionais passaram a reproduzir a mesma violência que sempre combatemos nas instituições manicomiais. No VI Encontro de Usuários e Familiares, em Goiânia, 2000, e no V Encontro Nacional do Movimento da Luta Antimanicomial, em Miguel Pereira, 2001, tal violência manifestou-se de forma intolerável, impossibilitando a abordagem das divergências, o enfrentamento dos impasses e a tomada das decisões.


Nossa participação na plenária nacional de São Paulo, em 2002, representou a última de numerosas e infrutíferas tentativas para colocar em pauta estes problemas e procurar saná-los. Desde então, afastamo-nos de um espaço organizativo que já rompera há muito com os princípios libertários e democráticos de sua origem, partindo para a constituição da Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial.


Com a adesão de novos signatários ao nosso Manifesto, a Rede realiza, em dezembro de 2004, com 19 núcleos de 12 Estados brasileiros, o seu I Encontro Nacional.


2- Princípios

  • A Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial tem como empreendimento fundamental a radical transformação das relações entre loucura e sociedade, combatendo todas as figuras de aprisionamento e exclusão dos chamados loucos, para conquistar seu acesso ao pleno exercício da cidadania;

  • Lutamos por uma vida digna, livre e independente para os portadores de sofrimento mental, com o respeito às suas escolhas e o incentivo às suas produções, assegurando sua presença e atuação no espaço social;

  • Lutamos igualmente, portanto, pelas condições exigidas pela dignidade da vida humana, a saber, o acesso ao trabalho, ao lazer, à saúde, à educação, à cultura, que constituem direitos legítimos e inalienáveis de todos os homens;

  • Tal como a entendemos, a transformação das relações entre loucura e cultura exige, por sua vez, transformações igualmente profundas nas estruturas econômicas, sociais e políticas do mundo em que vivemos, visando torná-las compatíveis com os valores de justiça, solidariedade, igualdade e liberdade afirmados pela luta antimanicomial;

  • Sustentamos, pois, uma atuação política que intervém de forma ativa e constante nas questões que afetam diretamente os portadores de sofrimento mental - ao mesmo tempo em que nos situamos como aliados de outras políticas de emancipação e lutas libertárias, no Brasil e no mundo;

  • Nosso espaço para tal exercício político é aquele do movimento social - entendido como autônomo, apartidário, independente diante de governos e administrações;

  • Apresentando nossas reivindicações relativas a políticas públicas efetivas, justas e abrangentes, oferecemo-nos como parceiros e interlocutores ao poder público - reconhecendo seu empenho, quando efetivo, e denunciando suas omissões, quando ocorrem;

  • Na área da assistência aos portadores de sofrimento mental, lutamos pela constituição de serviços de Saúde Mental que ofereçam um tratamento digno, pautado pelo respeito à liberdade e busca do consentimento dos seus usuários, constituindo uma rede de atendimento que possibilite a extinção progressiva e irreversível dos hospitais psiquiátricos;

  • Participamos de forma ativa do acompanhamento e apuração de denúncias de violação de direitos humanos que afetam os portadores de sofrimento mental;

  • Defendemos a criação e aprimoramento das legislações que assegurem aos portadores de sofrimento mental a plena condição de sujeitos de direitos, abolindo as figuras da discriminação e do preconceito;

  • Empreendemos a construção de pensamentos, práticas, atividades, etc, que possibilitem a inscrição dos portadores de sofrimento mental no espaço da cultura, jamais através de medidas adaptativas e normativas, e sim pelo convívio e o diálogo com as experiências da loucura;

  • Através de publicações, debates, produções culturais, manifestações públicas, etc, convidamos a sociedade a reconhecer, acolher e respeitara singularidade destas experiências;

  • Enquanto movimento social cuja identidade e propósitos foram esboçados acima, nossa organização nacional tem como elementos básicos e constitutivos os núcleos da luta antimanicomial - entendidos como organizações autônomas e militantes de portadores de sofrimento mental, seus familiares, trabalhadores de Saúde Mental, etc, que empreendam efetivamente, a nível local ou estadual, as ações e os enfrentamentos exigidos pela construção de uma sociedade sem manicômios;

  • A real participação dos portadores de sofrimento mental, tanto nos núcleos locais como em âmbito nacional, como porta-vozes de suas questões e protagonistas da luta por seus direitos, é característica essencial e definidora da Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial.

3- Estruturação e funcionamento

  • Sendo os núcleos nossos elementos de base, a entrada e participação na Rede, com direito a voz e voto, só é possível através deles (indivíduos ou instituições não vinculados a núcleos são bem vindos a título de colaboradores e parceiros, com direito a voz, mas não a voto);

  • Desde que partilhem os princípios expressos nesta Carta, efetivando-os em sua prática, os núcleos têm inteira autonomia para definir sua forma própria de funcionamento;

  • São considerados núcleos participantes da Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial:

  • Até a data do I Encontro Nacional, todos aqueles que assinaram seu documento de fundação (o Manifesto pela luta antimanicomial: em boa companhia)

  • A partir do I Encontro, aqueles que endereçarem por escrito à Rede Nacional sua solicitação de adesão, declarando sua concordância com os princípios desta Carta, e apresentando a constituição, as ações e as iniciativas que os caracterizam como núcleos da luta antimanicomial;

  • A Rede realizará encontros nacionais de caráter deliberativo com a periodicidade de 2 em 2 anos, com a seguinte estruturação:

  • Os encontros nacionais terão como objetivo a avaliação e debate de questões consideradas relevantes na ocasião de sua realização, assim como a tomada das decisões exigidas, e a proposição de seu encaminhamento;

  • As avaliações e propostas relativas a estas questões serão feitas em grupos de trabalho, e ali votadas por maioria simples;

  • Os coordenadores dos grupos de trabalho elaborarão, a partir do relatório de cada grupo, um relatório único a ser apresentado à plenária. No caso de divergências, deve-se empreender todo o esforço na busca de um consenso. Propostas ou avaliações divergentes que não puderem ser conciliadas desta maneira devem ser destacadas, e encaminhadas para a apreciação dos núcleos participantes da Rede;

  • Cada núcleo fará com seus delegados a discussão das proposições divergentes, e se posicionará a respeito de cada uma delas. A respeito de cada proposição, prevalecerá a posição tomada pela maioria simples dos núcleos;

  • A Rede será coordenada por um colegiado, eleito a cada Encontro Nacional, com as seguintes características e atribuições:

  • Será composto por dois representantes de cada Estado (estes representantes serão escolhidos pela deliberação entre todos os núcleos daquele Estado que participam da Rede);

  • Deve reunir-se regularmente, de forma a possibilitar a coordenação das diversas iniciativas e frentes de ação da Rede, e sua divulgação e acompanhamento pelos núcleos participantes;

  • Deve, ainda, tomar as decisões que não possam aguardar a data do próximo Encontro Nacional, tomando suas posições a partir das discussões realizadas com os núcleos;

  • Além dos Encontros Nacionais, com as características e objetivos já descritos, a Rede deve promover, a qualquer tempo, seminários temáticos, feiras culturais, etc, de interesse para fortalecimento, ampliação e divulgação da Luta Antimanicomial;

  • Deve, ainda, constituir comissões específicas de trabalho, cuja composição, objetivos e modo de funcionamento ocorrerão conforme prioridades e necessidades definidas pela própria rede.

  • A estruturação e o funcionamento da Rede devem sempre refletir os princípios que a constituem, de forma a assegurar em sua organização a prática democrática e solidária que reúne seus núcleos.

  • Esta Carta de Princípios foi aprovada por aclamação, com unanimidade, na abertura do I Encontro Nacional da Rede Internúcleos da Luta Antimanicomial, no dia 2 de dezembro de 2004.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Ensaios Poéticos da Cultura da Liberdade


☼ – Ψ – Personagens Teatrais Idealizados e Interpretados – Ψ – ☼
Baseado na Mitologia Arquetípica CERSAMNIANA
Tratado de Psicologia Laico, Popular, Altamente Eficaz
Substitutivo do CID-10 e do DSM-IV

Psiquiatra Tradicional Ortodoxo – Encarnação do demônio no planeta Terra, representa a maldade, o preconceito e o egoísmo de uma oligarquia que é tradicional e não aceita as mudanças por temer dividir os privilégios e o status. Tem uma mente quadrada e quer impor o padrão a qualquer custo. Não é capaz de aceitar e conviver com o não belo e o diferente. A maioria das vezes é um grande especialista em taxonomia, mas péssimo em entender a alma humana, seus questionamentos e a sua dor mal resolvida, tem o perfil ideal para trabalhar catalogando borboletas. Persistem no mau e destrutivo hábito de serem reducionistas, deterministas e destruidores de esperança, com a desculpa esfarrapada de estarem sendo realistas. Teimam em afirmar a impossibilidade de cura, pois não querem enxergar uma realidade psicológica, familiar, social e espiritual que pode afetar os seus empreendimentos altamente lucrativos, perversos e desumanos.


Ozama Bin Love – O Terrorista do Amor, o destruidor de Corações. É altamente especialista e tecnicamente capacitado em fazer as pessoas felizes e comer o rabo dos Poderosos abusados.


Jacú – Maconheiro convicto, belorizontino, amante das mulheres bonitas, muito gente boa e que só leva ferro por acreditar demais na bondade das pessoas em geral. Ele peca por amar demais.


Palhaço
– Às vezes singelo, às vezes engraçado. Alimenta o desejo secreto de conquistar o amor de uma linda mulher, pelo talento, já que não é capaz de se relacionar com o dinheiro.


Bobão – Usuário do Serviço de Saúde Mental tipo uma criança traquina, que adora fazer bagunça. Está sempre a morrer de rir das suas traquinagens. O seu verdadeiro desejo é se divertir, já que a sua vida é monótona, chata e sem colorido.


Tio Paulinho Legal – Ator e Pedagogo que entretém as crianças e os loucos, ensinando através do lúdico, arte e cidadania. É um grande educador, idealista e desempregado. Se tivesse uma oportunidade poderia trazer bastante ajuda e transformação social.


Jack F. – Ex Serial-Killer, que depois de ter se submetido a muito tratamento psiquiátrico e sessões de Psicanálise, sublimou o seu desejo de matar e se tornou um serial-fucker. Agora ele só subjuga as suas vítimas sexualmente. De assassino a pervertido ainda é ruim, mas melhor do que antes e aceitável por pessoas tolerantes, que enfrentam a vida como ela é. É uma das aplicações mais úteis com conceito de sublimação.


Chatus – Usuário do Serviço de Saúde Mental que elege um técnico ou um usuário em melhor fase de recuperação para bombardear de perguntas. No fundo é um sofredor, com uma inveja que pode ser positiva ou negativa e sem ou com má referência familiar paterna e materna, que quer aprender um pouco sobre o seu ídolo, para tentar traçar o caminho da sua recuperação.


Bicho Papão – É o usuário, geralmente ninfomaníaco, com complexo de Don Juan, que tenta conquistar todas as técnicas e usuárias bonitas, para satisfazer o seu ego frágil que necessita do reconhecimento de gostosão.


Pink – É o usuário do Serviço de Saúde Mental que sofre todas as mazelas de um portador de transtorno mental, com o agravante de ter uma sexualidade mal resolvida. Muitas vezes teme assumir a sua opção sexual por falta de compreensão de si mesmo ou por não suportar as amarguras do preconceito social.


Sabe Tudo – É um grande chato, padece do complexo de Tassya, ou seja, está sempre se achando demais. Precisa aprender um pouco sobre humildade e relacionamentos afetivos verdadeiros.


Hermitão – É um grande obsessivo que se isola do mundo na esperança inconsciente de que aconteça um milagre de alguém salvá-lo ou de o mundo se tornar um lugar ideal; fica ruminando o seu sofrimento e não consegue esquecer a sua dor para dar espaço a algo novo em sua vida; tem um baixo limiar de frustração e não está disposto a correr riscos, tem vergonha de si mesmo e não consegue reformular a sua vida em novos parâmetros; padece do complexo de Gabriela, ou seja, eu nasci assim, eu cresci assim e sou sempre assim.


Bochechuda – É uma mulher que não tem os atributos físicos e materiais do padrão de beleza reinante e que não consegue valorizar em si mesma outros atributos que não seja a beleza padrão. Sofre porque é obsessiva com a idéia de se tornar bonita e maravilhosa, mas para conseguir seu intento, lança mão da imaginação alienante para se sentir bonita e ser o que não é. Seu maior desejo é ter a bochecha rosada, lisa e leve da patricinhas universitárias que estudam na PUC, que para ela é o símbolo da mulher bem amada.


Iron Man Senóide – É o usuário do Serviço de Saúde Mental, geralmente hiper esforçado, mais voltado para área intelectual, que faz muitos esforços para sempre ser melhor do que todos. O seu maior problema é que quando está se esforçando não tem tempo para outras áreas da vida e sempre acaba padecendo de depressão por se sentir cansado e esquecido pelos amigos, que ele não teve tempo de procurar. Não é capaz de lidar com as suas limitações e com as questões afetivas reais. Sua vida é um constante ciclo de esforços sobre-humanos e depressões que acaba o levando ao rótulo de “bipolar”. Precisa aprender a não ser oito ou oitenta e trabalhar com os conceitos de moderação, conciliação e constância. Precisa também descobrir o amor para não ter a necessidade de se impor pela competência técnica, pois a vida é mais que trabalho e estudo.


Explorer Easylife – Tem fama de gigolô, é tido em um primeiro momento de explorador, mas existem razões para ele ser o que é. Das mulheres que lhe dão dinheiro, pode ser que tenha o desejo, consciente ou inconsciente de ter uma relação afetiva com uma mulher que seja companheira e mãe ao mesmo tempo; também pode ser que se sinta, de forma exagerada, tão importante, que acha que os outros tem que pagar as coisas para ele. Se analisarmos a história deste personagem, podemos descobrir ou que ele já teve um passado próspero e não conseguiu recuperar pelo trabalho ou ter sido criado em uma família de classe média pão dura, que na infância e adolescência dava dinheiro com muita dificuldade e quando dava, dava o dinheiro com uma mão e a culpa com a outra; não aprendeu nada sobre a relação com o dinheiro. Se alguma pessoa entrar na onda dele, pode ser que, com o tempo e com o relacionamento afetivo agradável, ele aprenda algo. Uma outra possibilidade pode ser o desejo de que alguém lhe dê uma oportunidade, material e afetiva, que não seja uma simples relação de piedade ou médico paciente.


Beata – É tida como uma fanática religiosa, adora rezar para conseguir tudo na vida, tem muito sentimento de culpa, depressão e desespero. Precisa aprender a conciliar a espiritualidade com as questões do trabalho e de causa e efeito para entender que as atitudes podem ter conseqüências, para não deixar Deus sobrecarregado.


Woodface
– É um verdadeiro cara de pau, talvez é um dos usuários mais próximos da normalidade, o seu mais grave problema é que quer conseguir tudo no gogó, não entendeu ainda o valor do trabalho.


Lady M. S. – É uma verdadeira alienada, acredita ser rica sem ser e o seu maior desejo é encontrar um marido trocha que lhe proporcione a vida de madame. Não entendeu ainda o preço de não conseguir conquistar a sua independência e liberdade, tem muitos projetos para ficar rica, adora estudar para concurso público, mas nunca concretiza os seus intentos. No fundo é sabotadora de si mesmo, pois não quer mudar de etapa na vida, não quer esquecer os tempos dourados da escola e assumir uma posição de adulta. Não suporta a realidade. Dentre os seus projetos mais grandiosos é descobrir uma forma de ficar rica, só que sem trabalhar.


Solenóide Big Clever
– É um cara que tem a fama de enrolado, é cheio de idéias maravilhosas e projetos. Adora mostrar as suas idéias brilhantes aos outros e tentar estabelecer relações profissionais. Nunca consegue concretizar os seus projetos porque, quando estes exigem trabalho e compromisso, ele desiste. Quer ganhar dinheiro só pensando e pelo reconhecimento da sua inteligência espetacular. Precisa aprender um pouco sobre humildade para entender que, para chegar no final da escadaria, tem que subir degrau por degrau, de compromisso, de constância e de trabalho. Não consegue virar político porque não tem disposição para construir uma carreira. É também um grande sofredor que não suporta o peso da realidade.


Toninho Litlle Bad – É tido como o malvado, mas se analisarmos a sua estrutura psicológica construída ao longo dos tempos, existe a possibilidade de ter vivido em um ambiente familiar não agradável, ou que no relacionamento com os outros irmãos tenha perdido na competição pelo amor dos pais, e o único papel que lhe sobrou na família foi o de marginalizado e diferente. Caso não tenha tido família é uma pessoa que tem muito ódio, pelo abandono e sente raiva das pessoas felizes; se for uma pessoa bem sucedida é uma pessoa que só entende de trabalho, competência profissional e estudo, existe uma forte possibilidade de ser um obcecado pelo poder. Não conhece, nunca teve oportunidade ou não quer aprender outras formas de conquistar o reconhecimento das pessoas; a única forma que sabe é se impondo ou intimidando os outros para se sentir uma pessoa superior. É um grande sofredor, que pode ser enquadrado como portador de transtorno afetivo bipolar, pois tem grandes momentos de depressão devido às conseqüências dos seus atos. Precisa de um bom terapeuta, que tenha autoridade moral, que tenha o poder de colocá-lo em uma posição de humildade e reconhecimento da necessidade de ajuda.


Doido Varrido – É aquela pessoa que não consegue viver totalmente na realidade, tem uma atividade mental muito intensa porque não consegue concentrar na vida prática e no que é necessário ser feito. Pensa em intensidade insuportável, repetitivamente, rapidamente, que chega a desconcentrar no que está acontecendo ao seu lado e perde a energia de fazer trabalhos físicos. Pode ter muita dor de cabeça e o conteúdo dos seus pensamentos podem ser dúvidas eternas sem conclusões, questionamentos metafísicos, fantasias de poder e grandiosidade ou de derrota e medo. Precisa aprender um pouco de praticidade e sobre como controlar as emoções evocadas pelos pensamentos, pois fica paralisado.


Doido Bobo Alegre Varrido – É o doido varrido, que tem a consciência que ta no cu do Zé Esteves, ou seja, fudido e mal pago, mas apesar de toda a desgraça está sempre a procurar motivos para se alegrar e também alimenta esperanças de dias melhores. Está aprendendo a ser feliz com suas limitações e busca trabalhar a si mesmo para melhorar aos poucos.


Infeliz de Carteirinha – É o oposto do Doido Bobo Alegre Varrido, pois está sempre procurando alguém para escutar suas lamúrias e nunca enxerga em si próprio que pode oferecer algo, não consegue fazer um esforço para pelo menos tentar a melhorar a si mesmo, assusta as pessoas com o seu pessimismo e sofre terríveis crises de depressão. Talvez se aprendesse acreditar em si mesmo e desenvolvesse a coragem parta arriscar, correria o risco de um dia ser feliz e conquistar algo.


Balão Mágico – É o usuário de Saúde mental que começou a fazer tratamento com Zyprexa ou uma combinação de remédios e engordou horrores. Agora, este usuário, além do sofrimento mental tem o sofrimento da não aceitação de si mesmo por estar acima do peso.


Profissional PSY do Bem – É um profissional de saúde, que acredita que saúde é direito de todos e dever do estado e que portanto não visa o enriquecimento à custa das mazelas humanas. Acredita, radicalmente, que a liberdade é terapêutica e é fã incontestável das terapêuticas humanas e sociais. É um ser humano que acredita que todas as pessoas são seres com potencialidades a serem trabalhadas, sendo que cada pessoa tem sua subjetividade e tempos diferentes. É um profissional que não acredita na padronização das terapêuticas e nem nos meios de comunicação de massa para referências sobre a verdade. Tem um saber técnico sobre a saúde, mas também acredita nos saberes populares e individuais para a prática da saúde preventiva, paliativa e curativa. Se propõe à busca das verdades relativas, à prática do bem incessante, à reforma íntima e a formação da consciência. Como ninguém é perfeito, tem um defeito incurável, odeia o Psiquiatra Tradicional Ortodoxo e o despreza como quem odeia um “Urubu na Carniça”.


Profissional PSY sem Espelho – É um cara pedante, chato, que se acha, sabe diagnosticar todo mundo e explicar todas as situações, porém não se enxerga e não reconhece as suas falhas. Geralmente é Histérico, Perverso e padece da Síndrome de Pisca-pisca no anel de couro e morre de medo de assumir. É chegadaço do Psiquiatra Tradicional Ortodoxo.


Black Pink Crazy – Este é o usuário de serviço de saúde mental que mais sofre. Sofre o preconceito quanto a cor, sofre preconceito quanto à sexualidade e sofre preconceito quanto a ser portador de transtornos mentais. Tem uma grande tendência ao suicídio, pois não recebe muito amor. Às vezes para ajudar no tratamento precisa de muita reza braba e banho com sal grosso e folhas de arruda.



☼ – Ψ – Reflexões de Profundidade Gradual – Ψ – ☼

“... A humanidade é desumana, mas ainda temos chance, o sol nasce prá todos, só não sabe quem não quer...”
Renato Russo.

“...era uma vez, um lugarzinho no meio do nada, com sabor de chocolate e cheiro de terra molhada. Era uma vez, a riqueza contra a simplicidade, uma mostrando prá outra, quem dava mais felicidade...”
Toquinho.

“... Mas louco é quem me diz, que não é feliz, não é feliz...” “...Eu juro que é melhor, não ser um normal, se eu posso pensar que Deus sou eu...”
Ney Mato Grosso.

“Não sabendo que era impossível, foi lá e fez.”
Autor desconhecido.

“Toda ocupação útil é trabalho.”
L.E. Q.675.

“Eu sou Brasileiro e não desisto nunca, porque sei que a luta tem que continuar.”
Adaptação livre de Paulinho Maluco.

“Graças ao bom Deus, aos Direitos Humanos, e às pessoas de boa vontade que combateram e que combatem o bom combate, alegres, conscientes, pacientes e fortalecidos diante das adversidades, que a era da inclusão social chegou e por isto estamos aqui. Obrigado Senhor, Muito obrigado mesmo!!!”
Paulinho Maluco

“Exclusão Social promove a dor e inclusão social se faz com amor.”
Paulinho Maluco

“A disciplina antecede a espontaneidade.”
Allan Kardek

“O doido pode ficar solitário, mas o solitário também pode ficar doido.”
Paulinho Maluco

“O conhecimento das doenças é que faz a medicina, mas o amor pelos pacientes é que faz o médico.”
Alex Botsaris

“Na época atual em que vivemos, aqui no Brasil, em pleno século XXI, no ano de 2005, aprendi a ser flexível e tolerante para viver feliz, mas na política sou radical, pois no momento, onde os políticos e empresários “espertalhões” abusam e subestimam a capacidade do povo, só uma política radical pode promover rupturas e transformações sociais consideráveis, desejáveis e necessárias, para aliviar a miséria e a dor humana que ainda existe em nosso país. Ser Radical na política é lutar para cortar o mal pela raiz.”
Paulinho Maluco

“Três vivas à Míriam Abou-Yd, uma brava guerreira.”
Paulinho Maluco

“A Luta Antimanicomial tem o mérito inquestionável de oferecer o tratamento em liberdade que não institucionaliza e causa um efeito psicológico diferente no paciente, que vê as portas abertas e se sente como estivesse tendo uma segunda chance e não como sendo culpado ou punido pela sua dor, ou escolhas exóticas.”
Paulinho Maluco

“A Luta Antimanicomial, além de proporcionar de forma democrática e a um custo irrelevante o tratamento ao portador de sofrimento psíquico, ensina ao usuário a se tornar um cidadão de direitos e deveres. Se existisse o ideal no tratamento das mazelas psíquicas, a Luta Antimanicomial seria o ideal, pois doença mental está intimamente ligado à miséria, devido à impossibilidade de trabalhar e às perdas afetivas e sociais, e o tratamento deve ser gratuito somado ao efeito psicológico da liberdade, que é altamente terapêutico. O efeito psicológico da liberdade somado à consciência de cidadania é fortemente educativo, só que com uma didática de amor e não restritiva punitiva. Na Luta Antimanicomial existe o respeito às diferenças, ao tempo de cada um e a prontidão para sempre dar oportunidade aos mais fracos e menos favorecidos. É assim que deve ser!”
Paulinho Maluco

“Às vezes a vida, o sofrimento, as injustiça é maior que nóis. Mas se agente acreditá numa luzinha que mora no fundo do dentro da gente, a gente vorta a sonhá. Vorta a sabê que nóis, que gente foi feito, prá inventá o mundo de novo, prá mudá e desmudá carregando alegria.”
Agora Vai – Betinho e Conversa de Cordas

“As descobertas das ciências biológicas não anulam os papéis importantíssimos das ciências humanas que ajudam, e muito, na elaboração e na lida dos sofrimentos humanos, que aliviam o sofrimento e das ciências sociais que tem o poder de construir o bem estar urbano, que dá as bases para a construção da cidadania e da família feliz. A idéia de hegemonia das ciências biológicas sobre outras ciências é equivocada e fruto de uma ideologia de alienação e dominação de massas, para o bem de uma oligarquia e um mercado voraz. A existência de Deus também não é ultrapassada, pois a contemporaneidade nos ensina a entende-lo sob novos paradigmas.”
Paulinho Maluco

“A idéia de superioridade da classe médica e o corporativismo é fruto de uma questão histórica, quando existiam poucas profissões e o médico era considerado um ser superior por estudar mais horas por dia e o maior número de anos. Na contemporaneidade em que vivemos, persiste esta questão histórica sem razão justificável, com o agravante de se biologizar tudo e pôr em terceiro plano outras profissões da saúde, que lutam por um lugar ao sol, e que têm ciências também eficazes e abordagens terapêuticas modernas e variadas. É preciso que haja uma mudança na cultura da saúde, para que as ciências biológicas não se tornem a religião oficial que dita o comportamento ideal, desrespeitando a pluralidade e para se aumentar e democratizar as possibilidades de escolhas terapêuticas, onde o paciente seja o agente principal de suas escolhas e não o mercado ditatorial. Acreditamos que o médico realmente entende muito, de biologia e de química.”
Paulinho Maluco

“Nos tempos de hoje, em pleno século XXI, no ano de 2005, a ciência evoluiu bastante, tanto na matemática, física, biologia e química, quanto na psicologia e na sociologia, que não são ciências naturais, mas ciências humanas, sociais, e criativas com a capacidade de descobrir saídas e soluções geniais para o bem da humanidade. Apesar de existirem muitas pessoas de bem e muito bem intencionadas, existe um mercado feroz, mais preocupado com o lucro que, de forma subliminar, abafa os nossos questionamentos e nos induz a acreditar em verdades que são construídas a partir de interesses econômicos de produzir demandas mercadológicas, que afetam e induzem o comportamento e desejo coletivo, muitas vezes não acessível a todos. As ciências humanas e sociais são pouco valorizadas, devido à perspicácia dos donos do poder, que não desejam ver o povo refletir, reivindicar e construir uma sociedade mais justa e igualitária, onde eles precisariam por a mão no bolso para repartir o bolo. Nós, que acreditamos no amor e na caridade, temos que entender que, nos tempos atuais, a caridade maior é a caridade da oportunidade atrelada a didática do amor paciente, somada à autoridade moral, que não priva os seres menos favorecidos da liberdade e da possibilidade do aprendizado junto à convivência humana. Não é mais época de trancar os loucos nos hospícios, mesmo nos de luxo, que são verdadeiras gaiolas de ouro, pois a cada internação isolado do mundo, o louco perde a oportunidade de errar, de se frustrar e aprender vivendo, como as pessoas normais. Para evitar a institucionalização, que com a desculpa de ser um trabalho de amor, põe o louco numa redoma de vidro, e faz o mesmo efeito de criar um animal doméstico por vários anos e depois soltá-lo na selva para a morte, pois ele não aprendeu a caçar, é urgente a existência de prontos-socorros psiquiátricos e psicológicos, que atendam no momento de crise, e permitam voltar para casa, para continuar o seu aprendizado de vida. Se durante uma época da humanidade, os loucos tinham um lugar garantido num quarto de hospital, hoje isto não é mais necessário, pois foram descobertas e inventadas novas possibilidades, onde eles podem conviver em liberdade, desenvolver projetos e se tornar cidadãos, tudo isto com a porta aberta, no que chamamos de serviço substitutivos que, com a ajuda de profissionais competentes e disponíveis, constróem-se várias possibilidades de vida com mais dignidade e respeito. Agora, em caso de crimes, mesmo sendo louco, ele tem que pagar, mas sempre com o espírito de fazer entender o motivo da punição e descobrir uma maneira melhor de viver e ser feliz e não com a pena de banimento total, pois todos merecem chances que as pessoas que têm poder podem dar; se a pessoa que recebe a chance não aproveita, aí o problema não é da sociedade, é da pessoa que não aproveitou, devido às suas questões de ordens mais variadas possíveis.”
Paulinho Maluco

“Com a maior facilidade, a sociedade exclui algumas pessoas das rodas de convivência do padrão da normalidade. As pessoas que se sentem excluídas e que buscam ajuda para fazer a sua reinserção social encontram muitas dificuldades, porque o preço da inclusão social é muito alto e desgastante. A ideologia e a cultura neoliberal funcionam como uma fábrica de loucos, deprimidos, desesperados e raivosos. Algumas clínicas psiquiátricas que atendem estas pessoas excluídas do convívio social, funcionam como uma verdadeira indústria de pacientes, que não são agentes na construção de sua sanidadade, que pagam muito caro por uma consulta de 15 minutos, onde não existe diálogo, compreensão, aprendizado e interpretação das questões que fazem o sofrimento individual. Nessas clínicas, o médico faz o papel de uma glândula humana, tentando colocar o paciente numa situação de padrão emocional ideal, instituído pelas ciências psiquiátricas. No mundo contemporâneo não é permitido ficar triste e entender as razões do sofrimento para reformular o psiquismo e consequentemente a própria vida.”
Paulinho Maluco

“Não é possível enganar muita gente durante muito tempo.”
Charles Chaplin

“A maior malandragem do mundo é ser honesto.”
Autor desconhecido

“Para obter sucesso na transformação de um usuário do serviço de saúde mental em um cidadão de direitos e deveres e também feliz, para que ele se comprometa com o seu processo terapêutico e se disponha a construir uma vida legal, desenvolvida no aspecto familiar, social, profissional, espiritual, político, afetivo, é preciso entender e acreditar no poder da palavra. Para ser um bom terapeuta, capaz de influenciar positivamente na vida de uma pessoa que está em sofrimento, é preciso criar uma identificação e criar simpatia na base de atitudes e palavras e assim conquistar os ouvidos deste possível “paciente agente”. Quando o usuário confia no técnico, ele o ouve e tenta agir em cima das palavras da sua referência. Pode ser que, às vezes, o técnico se sinta frustrado com as investidas fracassadas ou desinvestidas do usuário; mas é preciso saber valorizar a questão do tempo que é individual para cada um e torcer positivamente, com trabalho e disposição para ajudar a cair a ficha. Para que as possibilidades de êxito sejam ampliadas é preciso trabalhar na questão da reflexão, entendimento e didática dentro da estrutura psíquica de complexidades e individualidades diferentes.”
Paulinho Maluco

“Muitos pacientes psiquiátricos, tidos como esquizofrênicos, devido a delírios religiosos, sofrem muito com a supermedicação, que é a tentativa do psiquiatra de intervir, anulando o delírio a qualquer custo. Pode até ser que exista uma causa biológica nestes tipos de estrutura psicológica, mas a questão cultural e das referências de vida do paciente estão muito presentes e isto é inquestionável. Quando uma pessoa que sofre muito não tem conhecimento para elaborar o seu sofrimento, ela lança mão do recurso religioso que é o mais acessível à grande massa, com a vantagem de oferecer o recurso do milagre. Para uma ajuda melhor a estes tipos de caso, é necessário mostrar ao paciente a necessidade de reflexão para mostrar a este indivíduo que sofre, de que sua dor não é sempre causada pelo número pequeno de orações ou pela falta desta, e também porque é um grande pecador, mas sim porque é necessário aprender uma forma de suportar algumas frustrações sem sofrer demais, tomando consciência de que existe a possibilidade de alegria em outros aspectos da vida. Quando um portador de sofrimento psíquico se sente muito machucado e busca exclusivamente o recurso religioso para sua recuperação, ele pode tomar decisões muito radicais, como fazer um voto de pobreza ou acreditar, de forma mágica, que será uma grande pessoa, sem levar em consideração as etapas pelas quais precisa passar. É necessário aprender a dar tempo para escutar, validar e intervir, com a dose certa e no tempo certo, arranjando um jeito de conciliar espiritualidade com realidade, pois o terapeuta é um cirurgião da alma e do psiquismo, só que em doses homeopáticas.”
Paulinho Maluco

“Posso dizer, com muita pouca possibilidade de errar, que quase todo usuário de saúde mental sonha em ter relacionamentos afetivos que não sejam profissionais, onde ele se encontre apenas na posição de paciente. Muitas vezes ele tenta estabelecer este vínculo com os profissionais de saúde dos serviços substitutivos e é frustrado. Às vezes o usuário do serviço substitutivo se torna uma pessoa com um tipo de comportamento raivoso e agressivo, porque tenta insistentemente o seu objetivo e a maioria das vezes se vê frustrado, o que acaba levando este ao enquadramento de surtado e em crise, sendo medicado. Um bom terapeuta, profissional de saúde mental, deve ser capaz de ajudar este usuário a entender o porque dos seus fracassos, a necessidade de continuar tentando, sempre aprendendo com os seus erros, encontrando novas estratégias e locais adequados para se realizar, dentro do perfil individual e geral.”
Paulinho Maluco

“A didática amorosa, praticada por um bom psicólogo, que é capaz de ouvir os delírios de um suposto psicótico, com uma a atitude de respeito, pode conquistar este paciente e provocar dúvidas na fé que este indivíduo tem na própria “viagem”, e ir em doses homeopáticas com didática, que é a arte de ensinar com ternura, fazer este paciente se confrontar com a realidade e questionar os seus delírios. Isto é a educação aplicada à terapêutica, que é uma conquista das ciências humanas, tão subjugada pelas ciências “oficiais”, as biológicas, que querem ser exatas sem ser, devido a era do Biopoder. Que gera muita riqueza aos Norte Americanos enquanto fabricam a crise no Brasil”
Paulinho Maluco

“Antigamente as crianças eram tratadas como pequenos adultos, veio a pedagogia e separou as fases da infância, adolescência e adulto e descobriu que a criança precisa aprender a ser feliz e a brincar muito, Veio psicanálise e disse que a mãe dá o amor à criança e o pai a lei, que quando falta faz esta criança adoecer, Emmanuel, mentor espiritual de Chico Xavier disse que a criança brinca, o jovem idealiza e o adulto realiza e o Biopoder que é uma ciência com bases diferentes quer ser a ciência oficial ditar regras em nome de uma barbárie moderna de uma política de hegemonia cientifica, cultural para dominar o mundo e desrespeitar a diversidade individual e cultural.”
Paulinho Maluco

“Em Síntese, a Luta Antimanicomial é uma operação de resgate e salvamento, arquitetada com os saberes das ciências humanas e sociais e uma pitada de ciências biológicas, com destino a liberdade. É irreversível, graças ao bom Deus, a Jesus, a São Francisco de Assis e a Nossa Senhora Desatadora dos Nós.”
Paulinho Maluco

“O SUS é do caralho, e o servidor público deve ser resgatado e valorizado, pois estes tem mais possibilidades de trabalhar por ideal do que por exclusivamente por dinheiro devido à suposta tranqüilidade que a estabilidade profissional pode proporcionar.”
Paulinho Maluco

“Na peleja diária da luta dos Movimentos Sociais, que são uma forma de resistência legítima contra a opressão, dos donos do poder, além das dificuldades financeiras e a ideologia burguesa de dominação de massas, que com pouco esforço e muito dinheiro, destroi a esperanças dos corações que acreditam em um lugar melhor para todos. Por trás desta dificuldade, existe um outro tipo de resistência, é a resistência do tradicionalismo e do conservadorismo, que quer deixar tudo na mesmice, do jeito que sempre foi, pois mudar além de dar trabalho, vai contra os princípios neoliberais de lucros vorazes a qualquer custo, controle, dominação e egoísmo.”
Paulinho Maluco


“... A criança Brinca, o jovem idealiza e o adulto realiza ...”
Emmanuel

“... Quer curar? Aprende primeiro a amar os enfermos ...”
Emmanuel

“Se fizer planos para um ano, plante uma semente; se fizer planos para dez anos, plante uma árvore; se fizer planos para cem anos, dê educação ao povo.”
Kuang Chung.


“Os movimentos Sociais organizados, que são desacreditados pela ideologia burguesa de dominação de massa, através dos meios de comunicação oficiais, só conquistarão direitos com muita luta política e com conquistas de direitos e a consciência dos deveres. Talvez menos cabeças rolariam, menos sangue jorraria, se entendessemos o espírito da fábula da cigarra e da formiga. Os movimentos sociais são como as cigarras, que querem trazer alegria e bem estar ao maior número de pessoas. As empresas, órgãos governamentais e os trabalhadores são como formigas que trabalham duro para o próprio sustento, não precisam serem egoístas gastando tempo só consigo mesmos e com suas famílias e nem paranóicos com medo da violência urbana. Se entenderem que uma das raízes da violência é o mal estar social e que para amenizar este mal estar, os empresários, trabalhadores e órgãos governamentais, as formigas, podem ajudar financeiramente e tecnicamente, os movimentos sociais sérios e organizados, as cigarras, com a vantagem de dormir com a consciência tranqüila e entrar para história como um coolaborador na construção de um mundo melhor para todos.”
Paulinho Maluco

“A presença do Artista, que não é um profissional da saúde, nos locais adequados para tratamento, com a intenção de levar alegria, que é o verdadeiro bálsamo para alma das pessoas que sofrem é a legítima humanização da saúde. Já foi comprovado cientificamente, que os artistas capazes de levar alegria das mais diferentes formas, diminui os traumas do tratamento além de encorajar para enfrentar as mazelas pelo qual cada um passa. A conseqüência de diminuir o trauma e encorajar para enfrentar a situação é que o sistema imunológico reage devido a este estímulo externo proporcionando economia nas doses de medicamentos e diminuição do tempo de internação. Somado a tudo isto, a humanização da saúde por meio de artistas capazes de levar alegria aos que sofrem, proporciona a inclusão social a pessoas que sofrem mazelas que os condenam para toda a vida, como paralisia cerebral, possibilitando a esses pacientes o acesso ao toque físico e ao afeto que os estimulam e os fazem sentir aceitos como são, sem sentimento de repulsa, que os levam ao sorriso ou a uma expressão facial de felicidade. Eu realmente acredito, que o artista capaz de levar alegria, pode contagiar e afetar positivamente, de alguma forma, os piores casos de sofrimento.”
Paulinho Maluco

“Com muito orgulho e sem um pingo de vergonha, encho minha boca para dizer em alto e bom tom que sou filho da luta antimanicomial, que com seus dispositivos modernos, fruto de muita luta, inventividade e ousadia, me proporcionou acesso ao meu autoconhecimento e a circulação pela cidade enquanto a recuperação não acontecia plenamente. A luta antimanicomial além de humanizar o tratamento do sofrimento psíquico, dá direitos à quem tem pouca condição de se defender, além de expor a loucura como algo natural, que graças ao bom Deus, nos dias de hoje não é motivo de vergonha. A luta antimanicomial tem o poder de intervir positivamente na cidade, fazendo repensar o conceito de normalidade, felicidade e dos padrões nosológicos de enfermidade da psiquiatria ortodoxa, provando que existe lugar para todos, desde que aprendamos a conviver com a diferença. Enfim, para mim a luta antimanicomial é mais que um tratamento, é uma escola.”
Paulinho Maluco

“A luta antimanicomial, por ser um exercício de cidadania, uma questão de direitos e deveres, sendo algo ousado, responsável e humanizador, só tende a se aperfeiçoar, pois é um processo irreversível, destinado ao sucesso.”
Paulinho Maluco

“Na minha vida de sofrimento, no processo de descoberta de mim mesmo e do entendimento das diferentes subjetividades, não acredito que existe esquizofrenia e nem transtorno bipolar, existem sim maneiras malucas de existir, que não existe espaço dentro da ordem social dominante e também uma falta de entendimento e autoaceitação de qualquer tipo de limitação. Existe uma insatisfação constante que nos angustia e não estamos dispostos a entende-la em terapia. Alegria é tentar ser feliz fazendo o que gosta ou gostando do que faz e tentar fazer os outros felizes. Paz é quando o Espírito Santo entra no coração da gente a nosso convite, somado a consciência limpa. Por um lado a sociedade pode ter mais entendimento e aceitação das diferenças, por outro lado o maluco tem que tentar elaborar, filosofar e encontrar o caminho, pois enquanto há vida há esperança.”
Paulinho Maluco

“Estava outro dia tentando entender por que pessoas bonitas e inteligentes envelheceram aceitando o espaço de doentes, com muito custo entendi que é difícil lutar contra o imaginário popular que acredita que o médico é detentor de todos os saberes e dono da verdade. Graças a Deus pirei nos tempos de hoje, onde existem terapeutas ocupacionais, psicólogos, assistentes sociais, sociólogos; por isso aprendi a me recuperar relacionando, me ocupando, vivendo, construindo e desconstruindo a minha subjetividade. Com muita autoridade afirmo que a lógica médica não pode ser sinônimo da verdade absoluta na saúde, e sonho com uma lógica humanizada na saúde onde o paciente possa escolher o paradigma científico que deseja ser tratado e onde as terapias alternativas tenham o seu lugar garantido, mesmo que existam limitações para elas.”
Paulinho Maluco

“Para mim eletrochoque é inaceitável, supermedicação também. Quando os cientistas desenvolveram a energia nuclear, numa lógica maniqueísta, esta energia foi usada tanto para o bem, quanto para o mal; construíram-se bombas atômicas para matar multidões e usinas de geração de energia elétrica para iluminar cidades. Numa lógica mercadológica, do capitalismo selvagem, depois que o homem dominou a técnica de sintetizar os compostos orgânicos, ou os compostos de carbono, surgiram remédios muito importantes e outros nem tanto assim, como os antitulsigênos, que eliminam a tosse, mas impedem o organismo de fazer a expectoração natural. Através da síntese de compostos orgânicos, surgiu a halopatia, filha da indústria farmacêutica, que aprendeu a intervir no sistema nervoso humano, quando a medicina deixou de ser um sacerdócio para se tornar um negócio altamente lucrativo, que não trabalha na origem das doenças, apenas silenciando os sintomas, tendo a pretensão, por influência da indústria farmacêutica, de ser o paradigma científico oficial e superior, desqualificando todos os outros paradigmas e profissionais da saúde. Por isto afirmo: Não ao ato médico e sim ao ato da saúde, onde o conceito de nosologia, prescrição e ciência dos múltiplos saberes da contemporaneidade tenham espaço de uma forma democrática, tanto para profissionais da saúde, quanto para pacientes agentes, pois a genética não é determinante, ela precisa de gatilhos emocionais e sociais para ser acionado. É sabido que uma pessoa pode nascer com a genética do câncer e morrer de causas naturais.”
Paulinho Maluco

“Quem quer construir uma família, penso eu, deve pautar a criação dos filhos e o relacionamento, na amizade, compreensão e felicidade. O culto ao sucesso deve ser escolha de cada um, não há nada que adoeça mais uma criança, em saber inconscientemente que não é amada incondicionalmente. A política do fala na cara seu bosta é legal e um lar beleza, começa com um ambiente agradável, um pouco de escracho, liberdade, confiança e muito diálogo nos bons e maus momentos para que descobertas e soluções apareçam na construção coletiva. Jesus disse que no mundo terei aflições, mas tende bom ânimo eu venci o mundo; por isso por mais que as coisas pareçam difíceis mantenha a alegria, o bom humor, a esperança, para não contagiar os pequenos e não criar um clima de terrorismo e paranóia.”
Paulinho Maluco

“Para diminuir o sofrimento humano, a religião só deveria ser ensinada quando fôssemos capazes de conviver e aceitar as nossas limitações e as imperfeições naturais humanas. A santidade não é para todos, e a obsessão religiosa pode levar ao fanatismo, à loucura ou ao perfeccionismo, que só traz sofrimento.”
Paulinho Maluco