quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Advertência: Movimentos antimanicomiais, que tenha caráter efetivamente nacional, merecem mais respeito por parte das autoridades constituídas. Com este sentimento a RENILA manifestou, mais uma vez, sua discordância quanto a exclusão das entidades representativas da luta antimanicomial da programação do Seminário Nacional e Saúde Mental nas grandes cidades, realizado em Campinas, em junho de 2008. A luta continua!


*****


MANIFESTO AO MINISTÉRIO DA SAÚDE

Excelentíssimo Senhor
Dr. José Gomes Temporão
Ministro da Saúde
Brasília - DF

O Ministério da Saúde, através de sua Coordenação de Saúde Mental, tem realizado importantes eventos para discussão de temas relevantes, relacionados ao processo de Reforma Psiquiátrica e estratégias para sua efetivação. Nos dias 17 e 18 de junho de 2008, realizará o I Seminário Nacional de Saúde Mental nas Grandes Cidades, na cidade de Campinas – SP.

Baseado na identificação de problemas complexos das grandes cidades, o seminário analisará o processo de reforma psiquiátrica brasileira, buscando assegurar uma saúde mental de qualidade. O contexto é considerado como um cenário decisivo para a reforma psiquiátrica. Serão discutidos temas importantes como: Integralidade da atenção, papel da atenção básica, intersetorialidade; urgência/emergência, porta de entrada, regulação, Internação; álcool e outras drogas; A questão da população de rua, incluindo adolescentes e jovens.

Essa é mais uma importante iniciativa da Coordenação de Saúde Mental do Ministério da Saúde, porém lamentamos que, mais uma vez, foram excluídos de participação no evento, atores importantes no processo da reforma psiquiátrica brasileira, ou seja, movimentos sociais que integram a luta antimanicomial.

Dessa forma, a Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial manifesta seu profundo descontentamento, com sua exclusão e de demais segmentos, comprometidos com a efetivação da reforma psiquiátrica brasileira, que foram impedidos de contribuir no referido evento, quando na realidade tem sido os maiores promotores de ações e debates que tem levado à transformação do modelo de atenção em saúde mental no país.

Pela efetiva participação do controle social no processo da reforma psiquiátrica brasileira!

Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial – RENILA


1 Associação Chico Inácio (AM)
2. Associação. dos Usuários dos Serviços de Saúde Mental de João Monlevade (MG)
3. Associação dos Usuários dos Serviços de Saúde Mental de Minas Gerais (MG)
4. Associação dos Usuários dos Serviços de Saúde Mental do Estado de Goiás (GO)
5. Associação Verde Esperança (MG)
6. Associação Loucos por Você (MG)
7. Fórum Cearense da Luta Antimanicomial (CE)
8. Fórum Gaúcho de Saúde Mental (RS)
9. Fórum Goiano de Saúde Mental (GO)
10. Fórum Mineiro de Saúde Mental (MG)
11. Instituto Damião Ximenes (CE)
12. Movimento dos Usuários dos Serviços de Saúde Mental da Bahia (BA)
13. Movimento Pró-Saúde Mental do Distrito Federal (DF)
14. Núcleo Antimanicomial do Pará (PA)
15. Núcleo da Luta Antimanicomial da Paraíba (PB)
16. Núcleo de Estudos pela Superação do Manicômio (BA)
17. Núcleo Estadual de Saúde Mental (AL)
18. Núcleo Estadual do Movimento da Luta Antimanicomial (RN)
19. Núcleo Libertando Subjetividades (PE)
20. Núcleo Por Uma Sociedade Sem Manicômios (SP)

domingo, 25 de janeiro de 2009

CARTA DE PRINCÍPIOS


REDE NACIONAL INTERNÚCLEOS DA LUTA ANTIMANICOMIAL



CARTA DE PRINCÍPIOS


1-Histórico


A Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial constituiu-se a partir da decisão coletiva de representantes de 13 núcleos da luta antimanicomial de todo o Brasil, reunidos em dezembro de 2003, em Brasília. O Manifesto pela Luta Antimanicomial: em boa companhia, divulgado então, apresenta a história e as razões da criação da Rede – reproduzidos brevemente nas linhas que se seguem.


Relembrando o Congresso de Bauru, em 1987, onde nasce a palavra de ordem “Por uma sociedade sem manicômios”, e o I Encontro Nacional do Movimento Antimanicomial, em Salvador, 1993, reiteramos nosso compromisso com a organização plural e solidária desta luta em âmbito nacional. Enfatizando as inúmeras e valiosas conquistas obtidas desde então, constatamos, todavia, que a forma e o ritmo da organização do movimento já não acompanhavam a intensidade de sua força. Este descompasso se revela quando, embora por iniciativa de alguns poucos, nosso fóruns nacionais passaram a reproduzir a mesma violência que sempre combatemos nas instituições manicomiais. No VI Encontro de Usuários e Familiares, em Goiânia, 2000, e no V Encontro Nacional do Movimento da Luta Antimanicomial, em Miguel Pereira, 2001, tal violência manifestou-se de forma intolerável, impossibilitando a abordagem das divergências, o enfrentamento dos impasses e a tomada das decisões.


Nossa participação na plenária nacional de São Paulo, em 2002, representou a última de numerosas e infrutíferas tentativas para colocar em pauta estes problemas e procurar saná-los. Desde então, afastamo-nos de um espaço organizativo que já rompera há muito com os princípios libertários e democráticos de sua origem, partindo para a constituição da Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial.


Com a adesão de novos signatários ao nosso Manifesto, a Rede realiza, em dezembro de 2004, com 19 núcleos de 12 Estados brasileiros, o seu I Encontro Nacional.


2- Princípios

  • A Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial tem como empreendimento fundamental a radical transformação das relações entre loucura e sociedade, combatendo todas as figuras de aprisionamento e exclusão dos chamados loucos, para conquistar seu acesso ao pleno exercício da cidadania;

  • Lutamos por uma vida digna, livre e independente para os portadores de sofrimento mental, com o respeito às suas escolhas e o incentivo às suas produções, assegurando sua presença e atuação no espaço social;

  • Lutamos igualmente, portanto, pelas condições exigidas pela dignidade da vida humana, a saber, o acesso ao trabalho, ao lazer, à saúde, à educação, à cultura, que constituem direitos legítimos e inalienáveis de todos os homens;

  • Tal como a entendemos, a transformação das relações entre loucura e cultura exige, por sua vez, transformações igualmente profundas nas estruturas econômicas, sociais e políticas do mundo em que vivemos, visando torná-las compatíveis com os valores de justiça, solidariedade, igualdade e liberdade afirmados pela luta antimanicomial;

  • Sustentamos, pois, uma atuação política que intervém de forma ativa e constante nas questões que afetam diretamente os portadores de sofrimento mental - ao mesmo tempo em que nos situamos como aliados de outras políticas de emancipação e lutas libertárias, no Brasil e no mundo;

  • Nosso espaço para tal exercício político é aquele do movimento social - entendido como autônomo, apartidário, independente diante de governos e administrações;

  • Apresentando nossas reivindicações relativas a políticas públicas efetivas, justas e abrangentes, oferecemo-nos como parceiros e interlocutores ao poder público - reconhecendo seu empenho, quando efetivo, e denunciando suas omissões, quando ocorrem;

  • Na área da assistência aos portadores de sofrimento mental, lutamos pela constituição de serviços de Saúde Mental que ofereçam um tratamento digno, pautado pelo respeito à liberdade e busca do consentimento dos seus usuários, constituindo uma rede de atendimento que possibilite a extinção progressiva e irreversível dos hospitais psiquiátricos;

  • Participamos de forma ativa do acompanhamento e apuração de denúncias de violação de direitos humanos que afetam os portadores de sofrimento mental;

  • Defendemos a criação e aprimoramento das legislações que assegurem aos portadores de sofrimento mental a plena condição de sujeitos de direitos, abolindo as figuras da discriminação e do preconceito;

  • Empreendemos a construção de pensamentos, práticas, atividades, etc, que possibilitem a inscrição dos portadores de sofrimento mental no espaço da cultura, jamais através de medidas adaptativas e normativas, e sim pelo convívio e o diálogo com as experiências da loucura;

  • Através de publicações, debates, produções culturais, manifestações públicas, etc, convidamos a sociedade a reconhecer, acolher e respeitara singularidade destas experiências;

  • Enquanto movimento social cuja identidade e propósitos foram esboçados acima, nossa organização nacional tem como elementos básicos e constitutivos os núcleos da luta antimanicomial - entendidos como organizações autônomas e militantes de portadores de sofrimento mental, seus familiares, trabalhadores de Saúde Mental, etc, que empreendam efetivamente, a nível local ou estadual, as ações e os enfrentamentos exigidos pela construção de uma sociedade sem manicômios;

  • A real participação dos portadores de sofrimento mental, tanto nos núcleos locais como em âmbito nacional, como porta-vozes de suas questões e protagonistas da luta por seus direitos, é característica essencial e definidora da Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial.

3- Estruturação e funcionamento

  • Sendo os núcleos nossos elementos de base, a entrada e participação na Rede, com direito a voz e voto, só é possível através deles (indivíduos ou instituições não vinculados a núcleos são bem vindos a título de colaboradores e parceiros, com direito a voz, mas não a voto);

  • Desde que partilhem os princípios expressos nesta Carta, efetivando-os em sua prática, os núcleos têm inteira autonomia para definir sua forma própria de funcionamento;

  • São considerados núcleos participantes da Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial:

  • Até a data do I Encontro Nacional, todos aqueles que assinaram seu documento de fundação (o Manifesto pela luta antimanicomial: em boa companhia)

  • A partir do I Encontro, aqueles que endereçarem por escrito à Rede Nacional sua solicitação de adesão, declarando sua concordância com os princípios desta Carta, e apresentando a constituição, as ações e as iniciativas que os caracterizam como núcleos da luta antimanicomial;

  • A Rede realizará encontros nacionais de caráter deliberativo com a periodicidade de 2 em 2 anos, com a seguinte estruturação:

  • Os encontros nacionais terão como objetivo a avaliação e debate de questões consideradas relevantes na ocasião de sua realização, assim como a tomada das decisões exigidas, e a proposição de seu encaminhamento;

  • As avaliações e propostas relativas a estas questões serão feitas em grupos de trabalho, e ali votadas por maioria simples;

  • Os coordenadores dos grupos de trabalho elaborarão, a partir do relatório de cada grupo, um relatório único a ser apresentado à plenária. No caso de divergências, deve-se empreender todo o esforço na busca de um consenso. Propostas ou avaliações divergentes que não puderem ser conciliadas desta maneira devem ser destacadas, e encaminhadas para a apreciação dos núcleos participantes da Rede;

  • Cada núcleo fará com seus delegados a discussão das proposições divergentes, e se posicionará a respeito de cada uma delas. A respeito de cada proposição, prevalecerá a posição tomada pela maioria simples dos núcleos;

  • A Rede será coordenada por um colegiado, eleito a cada Encontro Nacional, com as seguintes características e atribuições:

  • Será composto por dois representantes de cada Estado (estes representantes serão escolhidos pela deliberação entre todos os núcleos daquele Estado que participam da Rede);

  • Deve reunir-se regularmente, de forma a possibilitar a coordenação das diversas iniciativas e frentes de ação da Rede, e sua divulgação e acompanhamento pelos núcleos participantes;

  • Deve, ainda, tomar as decisões que não possam aguardar a data do próximo Encontro Nacional, tomando suas posições a partir das discussões realizadas com os núcleos;

  • Além dos Encontros Nacionais, com as características e objetivos já descritos, a Rede deve promover, a qualquer tempo, seminários temáticos, feiras culturais, etc, de interesse para fortalecimento, ampliação e divulgação da Luta Antimanicomial;

  • Deve, ainda, constituir comissões específicas de trabalho, cuja composição, objetivos e modo de funcionamento ocorrerão conforme prioridades e necessidades definidas pela própria rede.

  • A estruturação e o funcionamento da Rede devem sempre refletir os princípios que a constituem, de forma a assegurar em sua organização a prática democrática e solidária que reúne seus núcleos.

  • Esta Carta de Princípios foi aprovada por aclamação, com unanimidade, na abertura do I Encontro Nacional da Rede Internúcleos da Luta Antimanicomial, no dia 2 de dezembro de 2004.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Ensaios Poéticos da Cultura da Liberdade


☼ – Ψ – Personagens Teatrais Idealizados e Interpretados – Ψ – ☼
Baseado na Mitologia Arquetípica CERSAMNIANA
Tratado de Psicologia Laico, Popular, Altamente Eficaz
Substitutivo do CID-10 e do DSM-IV

Psiquiatra Tradicional Ortodoxo – Encarnação do demônio no planeta Terra, representa a maldade, o preconceito e o egoísmo de uma oligarquia que é tradicional e não aceita as mudanças por temer dividir os privilégios e o status. Tem uma mente quadrada e quer impor o padrão a qualquer custo. Não é capaz de aceitar e conviver com o não belo e o diferente. A maioria das vezes é um grande especialista em taxonomia, mas péssimo em entender a alma humana, seus questionamentos e a sua dor mal resolvida, tem o perfil ideal para trabalhar catalogando borboletas. Persistem no mau e destrutivo hábito de serem reducionistas, deterministas e destruidores de esperança, com a desculpa esfarrapada de estarem sendo realistas. Teimam em afirmar a impossibilidade de cura, pois não querem enxergar uma realidade psicológica, familiar, social e espiritual que pode afetar os seus empreendimentos altamente lucrativos, perversos e desumanos.


Ozama Bin Love – O Terrorista do Amor, o destruidor de Corações. É altamente especialista e tecnicamente capacitado em fazer as pessoas felizes e comer o rabo dos Poderosos abusados.


Jacú – Maconheiro convicto, belorizontino, amante das mulheres bonitas, muito gente boa e que só leva ferro por acreditar demais na bondade das pessoas em geral. Ele peca por amar demais.


Palhaço
– Às vezes singelo, às vezes engraçado. Alimenta o desejo secreto de conquistar o amor de uma linda mulher, pelo talento, já que não é capaz de se relacionar com o dinheiro.


Bobão – Usuário do Serviço de Saúde Mental tipo uma criança traquina, que adora fazer bagunça. Está sempre a morrer de rir das suas traquinagens. O seu verdadeiro desejo é se divertir, já que a sua vida é monótona, chata e sem colorido.


Tio Paulinho Legal – Ator e Pedagogo que entretém as crianças e os loucos, ensinando através do lúdico, arte e cidadania. É um grande educador, idealista e desempregado. Se tivesse uma oportunidade poderia trazer bastante ajuda e transformação social.


Jack F. – Ex Serial-Killer, que depois de ter se submetido a muito tratamento psiquiátrico e sessões de Psicanálise, sublimou o seu desejo de matar e se tornou um serial-fucker. Agora ele só subjuga as suas vítimas sexualmente. De assassino a pervertido ainda é ruim, mas melhor do que antes e aceitável por pessoas tolerantes, que enfrentam a vida como ela é. É uma das aplicações mais úteis com conceito de sublimação.


Chatus – Usuário do Serviço de Saúde Mental que elege um técnico ou um usuário em melhor fase de recuperação para bombardear de perguntas. No fundo é um sofredor, com uma inveja que pode ser positiva ou negativa e sem ou com má referência familiar paterna e materna, que quer aprender um pouco sobre o seu ídolo, para tentar traçar o caminho da sua recuperação.


Bicho Papão – É o usuário, geralmente ninfomaníaco, com complexo de Don Juan, que tenta conquistar todas as técnicas e usuárias bonitas, para satisfazer o seu ego frágil que necessita do reconhecimento de gostosão.


Pink – É o usuário do Serviço de Saúde Mental que sofre todas as mazelas de um portador de transtorno mental, com o agravante de ter uma sexualidade mal resolvida. Muitas vezes teme assumir a sua opção sexual por falta de compreensão de si mesmo ou por não suportar as amarguras do preconceito social.


Sabe Tudo – É um grande chato, padece do complexo de Tassya, ou seja, está sempre se achando demais. Precisa aprender um pouco sobre humildade e relacionamentos afetivos verdadeiros.


Hermitão – É um grande obsessivo que se isola do mundo na esperança inconsciente de que aconteça um milagre de alguém salvá-lo ou de o mundo se tornar um lugar ideal; fica ruminando o seu sofrimento e não consegue esquecer a sua dor para dar espaço a algo novo em sua vida; tem um baixo limiar de frustração e não está disposto a correr riscos, tem vergonha de si mesmo e não consegue reformular a sua vida em novos parâmetros; padece do complexo de Gabriela, ou seja, eu nasci assim, eu cresci assim e sou sempre assim.


Bochechuda – É uma mulher que não tem os atributos físicos e materiais do padrão de beleza reinante e que não consegue valorizar em si mesma outros atributos que não seja a beleza padrão. Sofre porque é obsessiva com a idéia de se tornar bonita e maravilhosa, mas para conseguir seu intento, lança mão da imaginação alienante para se sentir bonita e ser o que não é. Seu maior desejo é ter a bochecha rosada, lisa e leve da patricinhas universitárias que estudam na PUC, que para ela é o símbolo da mulher bem amada.


Iron Man Senóide – É o usuário do Serviço de Saúde Mental, geralmente hiper esforçado, mais voltado para área intelectual, que faz muitos esforços para sempre ser melhor do que todos. O seu maior problema é que quando está se esforçando não tem tempo para outras áreas da vida e sempre acaba padecendo de depressão por se sentir cansado e esquecido pelos amigos, que ele não teve tempo de procurar. Não é capaz de lidar com as suas limitações e com as questões afetivas reais. Sua vida é um constante ciclo de esforços sobre-humanos e depressões que acaba o levando ao rótulo de “bipolar”. Precisa aprender a não ser oito ou oitenta e trabalhar com os conceitos de moderação, conciliação e constância. Precisa também descobrir o amor para não ter a necessidade de se impor pela competência técnica, pois a vida é mais que trabalho e estudo.


Explorer Easylife – Tem fama de gigolô, é tido em um primeiro momento de explorador, mas existem razões para ele ser o que é. Das mulheres que lhe dão dinheiro, pode ser que tenha o desejo, consciente ou inconsciente de ter uma relação afetiva com uma mulher que seja companheira e mãe ao mesmo tempo; também pode ser que se sinta, de forma exagerada, tão importante, que acha que os outros tem que pagar as coisas para ele. Se analisarmos a história deste personagem, podemos descobrir ou que ele já teve um passado próspero e não conseguiu recuperar pelo trabalho ou ter sido criado em uma família de classe média pão dura, que na infância e adolescência dava dinheiro com muita dificuldade e quando dava, dava o dinheiro com uma mão e a culpa com a outra; não aprendeu nada sobre a relação com o dinheiro. Se alguma pessoa entrar na onda dele, pode ser que, com o tempo e com o relacionamento afetivo agradável, ele aprenda algo. Uma outra possibilidade pode ser o desejo de que alguém lhe dê uma oportunidade, material e afetiva, que não seja uma simples relação de piedade ou médico paciente.


Beata – É tida como uma fanática religiosa, adora rezar para conseguir tudo na vida, tem muito sentimento de culpa, depressão e desespero. Precisa aprender a conciliar a espiritualidade com as questões do trabalho e de causa e efeito para entender que as atitudes podem ter conseqüências, para não deixar Deus sobrecarregado.


Woodface
– É um verdadeiro cara de pau, talvez é um dos usuários mais próximos da normalidade, o seu mais grave problema é que quer conseguir tudo no gogó, não entendeu ainda o valor do trabalho.


Lady M. S. – É uma verdadeira alienada, acredita ser rica sem ser e o seu maior desejo é encontrar um marido trocha que lhe proporcione a vida de madame. Não entendeu ainda o preço de não conseguir conquistar a sua independência e liberdade, tem muitos projetos para ficar rica, adora estudar para concurso público, mas nunca concretiza os seus intentos. No fundo é sabotadora de si mesmo, pois não quer mudar de etapa na vida, não quer esquecer os tempos dourados da escola e assumir uma posição de adulta. Não suporta a realidade. Dentre os seus projetos mais grandiosos é descobrir uma forma de ficar rica, só que sem trabalhar.


Solenóide Big Clever
– É um cara que tem a fama de enrolado, é cheio de idéias maravilhosas e projetos. Adora mostrar as suas idéias brilhantes aos outros e tentar estabelecer relações profissionais. Nunca consegue concretizar os seus projetos porque, quando estes exigem trabalho e compromisso, ele desiste. Quer ganhar dinheiro só pensando e pelo reconhecimento da sua inteligência espetacular. Precisa aprender um pouco sobre humildade para entender que, para chegar no final da escadaria, tem que subir degrau por degrau, de compromisso, de constância e de trabalho. Não consegue virar político porque não tem disposição para construir uma carreira. É também um grande sofredor que não suporta o peso da realidade.


Toninho Litlle Bad – É tido como o malvado, mas se analisarmos a sua estrutura psicológica construída ao longo dos tempos, existe a possibilidade de ter vivido em um ambiente familiar não agradável, ou que no relacionamento com os outros irmãos tenha perdido na competição pelo amor dos pais, e o único papel que lhe sobrou na família foi o de marginalizado e diferente. Caso não tenha tido família é uma pessoa que tem muito ódio, pelo abandono e sente raiva das pessoas felizes; se for uma pessoa bem sucedida é uma pessoa que só entende de trabalho, competência profissional e estudo, existe uma forte possibilidade de ser um obcecado pelo poder. Não conhece, nunca teve oportunidade ou não quer aprender outras formas de conquistar o reconhecimento das pessoas; a única forma que sabe é se impondo ou intimidando os outros para se sentir uma pessoa superior. É um grande sofredor, que pode ser enquadrado como portador de transtorno afetivo bipolar, pois tem grandes momentos de depressão devido às conseqüências dos seus atos. Precisa de um bom terapeuta, que tenha autoridade moral, que tenha o poder de colocá-lo em uma posição de humildade e reconhecimento da necessidade de ajuda.


Doido Varrido – É aquela pessoa que não consegue viver totalmente na realidade, tem uma atividade mental muito intensa porque não consegue concentrar na vida prática e no que é necessário ser feito. Pensa em intensidade insuportável, repetitivamente, rapidamente, que chega a desconcentrar no que está acontecendo ao seu lado e perde a energia de fazer trabalhos físicos. Pode ter muita dor de cabeça e o conteúdo dos seus pensamentos podem ser dúvidas eternas sem conclusões, questionamentos metafísicos, fantasias de poder e grandiosidade ou de derrota e medo. Precisa aprender um pouco de praticidade e sobre como controlar as emoções evocadas pelos pensamentos, pois fica paralisado.


Doido Bobo Alegre Varrido – É o doido varrido, que tem a consciência que ta no cu do Zé Esteves, ou seja, fudido e mal pago, mas apesar de toda a desgraça está sempre a procurar motivos para se alegrar e também alimenta esperanças de dias melhores. Está aprendendo a ser feliz com suas limitações e busca trabalhar a si mesmo para melhorar aos poucos.


Infeliz de Carteirinha – É o oposto do Doido Bobo Alegre Varrido, pois está sempre procurando alguém para escutar suas lamúrias e nunca enxerga em si próprio que pode oferecer algo, não consegue fazer um esforço para pelo menos tentar a melhorar a si mesmo, assusta as pessoas com o seu pessimismo e sofre terríveis crises de depressão. Talvez se aprendesse acreditar em si mesmo e desenvolvesse a coragem parta arriscar, correria o risco de um dia ser feliz e conquistar algo.


Balão Mágico – É o usuário de Saúde mental que começou a fazer tratamento com Zyprexa ou uma combinação de remédios e engordou horrores. Agora, este usuário, além do sofrimento mental tem o sofrimento da não aceitação de si mesmo por estar acima do peso.


Profissional PSY do Bem – É um profissional de saúde, que acredita que saúde é direito de todos e dever do estado e que portanto não visa o enriquecimento à custa das mazelas humanas. Acredita, radicalmente, que a liberdade é terapêutica e é fã incontestável das terapêuticas humanas e sociais. É um ser humano que acredita que todas as pessoas são seres com potencialidades a serem trabalhadas, sendo que cada pessoa tem sua subjetividade e tempos diferentes. É um profissional que não acredita na padronização das terapêuticas e nem nos meios de comunicação de massa para referências sobre a verdade. Tem um saber técnico sobre a saúde, mas também acredita nos saberes populares e individuais para a prática da saúde preventiva, paliativa e curativa. Se propõe à busca das verdades relativas, à prática do bem incessante, à reforma íntima e a formação da consciência. Como ninguém é perfeito, tem um defeito incurável, odeia o Psiquiatra Tradicional Ortodoxo e o despreza como quem odeia um “Urubu na Carniça”.


Profissional PSY sem Espelho – É um cara pedante, chato, que se acha, sabe diagnosticar todo mundo e explicar todas as situações, porém não se enxerga e não reconhece as suas falhas. Geralmente é Histérico, Perverso e padece da Síndrome de Pisca-pisca no anel de couro e morre de medo de assumir. É chegadaço do Psiquiatra Tradicional Ortodoxo.


Black Pink Crazy – Este é o usuário de serviço de saúde mental que mais sofre. Sofre o preconceito quanto a cor, sofre preconceito quanto à sexualidade e sofre preconceito quanto a ser portador de transtornos mentais. Tem uma grande tendência ao suicídio, pois não recebe muito amor. Às vezes para ajudar no tratamento precisa de muita reza braba e banho com sal grosso e folhas de arruda.



☼ – Ψ – Reflexões de Profundidade Gradual – Ψ – ☼

“... A humanidade é desumana, mas ainda temos chance, o sol nasce prá todos, só não sabe quem não quer...”
Renato Russo.

“...era uma vez, um lugarzinho no meio do nada, com sabor de chocolate e cheiro de terra molhada. Era uma vez, a riqueza contra a simplicidade, uma mostrando prá outra, quem dava mais felicidade...”
Toquinho.

“... Mas louco é quem me diz, que não é feliz, não é feliz...” “...Eu juro que é melhor, não ser um normal, se eu posso pensar que Deus sou eu...”
Ney Mato Grosso.

“Não sabendo que era impossível, foi lá e fez.”
Autor desconhecido.

“Toda ocupação útil é trabalho.”
L.E. Q.675.

“Eu sou Brasileiro e não desisto nunca, porque sei que a luta tem que continuar.”
Adaptação livre de Paulinho Maluco.

“Graças ao bom Deus, aos Direitos Humanos, e às pessoas de boa vontade que combateram e que combatem o bom combate, alegres, conscientes, pacientes e fortalecidos diante das adversidades, que a era da inclusão social chegou e por isto estamos aqui. Obrigado Senhor, Muito obrigado mesmo!!!”
Paulinho Maluco

“Exclusão Social promove a dor e inclusão social se faz com amor.”
Paulinho Maluco

“A disciplina antecede a espontaneidade.”
Allan Kardek

“O doido pode ficar solitário, mas o solitário também pode ficar doido.”
Paulinho Maluco

“O conhecimento das doenças é que faz a medicina, mas o amor pelos pacientes é que faz o médico.”
Alex Botsaris

“Na época atual em que vivemos, aqui no Brasil, em pleno século XXI, no ano de 2005, aprendi a ser flexível e tolerante para viver feliz, mas na política sou radical, pois no momento, onde os políticos e empresários “espertalhões” abusam e subestimam a capacidade do povo, só uma política radical pode promover rupturas e transformações sociais consideráveis, desejáveis e necessárias, para aliviar a miséria e a dor humana que ainda existe em nosso país. Ser Radical na política é lutar para cortar o mal pela raiz.”
Paulinho Maluco

“Três vivas à Míriam Abou-Yd, uma brava guerreira.”
Paulinho Maluco

“A Luta Antimanicomial tem o mérito inquestionável de oferecer o tratamento em liberdade que não institucionaliza e causa um efeito psicológico diferente no paciente, que vê as portas abertas e se sente como estivesse tendo uma segunda chance e não como sendo culpado ou punido pela sua dor, ou escolhas exóticas.”
Paulinho Maluco

“A Luta Antimanicomial, além de proporcionar de forma democrática e a um custo irrelevante o tratamento ao portador de sofrimento psíquico, ensina ao usuário a se tornar um cidadão de direitos e deveres. Se existisse o ideal no tratamento das mazelas psíquicas, a Luta Antimanicomial seria o ideal, pois doença mental está intimamente ligado à miséria, devido à impossibilidade de trabalhar e às perdas afetivas e sociais, e o tratamento deve ser gratuito somado ao efeito psicológico da liberdade, que é altamente terapêutico. O efeito psicológico da liberdade somado à consciência de cidadania é fortemente educativo, só que com uma didática de amor e não restritiva punitiva. Na Luta Antimanicomial existe o respeito às diferenças, ao tempo de cada um e a prontidão para sempre dar oportunidade aos mais fracos e menos favorecidos. É assim que deve ser!”
Paulinho Maluco

“Às vezes a vida, o sofrimento, as injustiça é maior que nóis. Mas se agente acreditá numa luzinha que mora no fundo do dentro da gente, a gente vorta a sonhá. Vorta a sabê que nóis, que gente foi feito, prá inventá o mundo de novo, prá mudá e desmudá carregando alegria.”
Agora Vai – Betinho e Conversa de Cordas

“As descobertas das ciências biológicas não anulam os papéis importantíssimos das ciências humanas que ajudam, e muito, na elaboração e na lida dos sofrimentos humanos, que aliviam o sofrimento e das ciências sociais que tem o poder de construir o bem estar urbano, que dá as bases para a construção da cidadania e da família feliz. A idéia de hegemonia das ciências biológicas sobre outras ciências é equivocada e fruto de uma ideologia de alienação e dominação de massas, para o bem de uma oligarquia e um mercado voraz. A existência de Deus também não é ultrapassada, pois a contemporaneidade nos ensina a entende-lo sob novos paradigmas.”
Paulinho Maluco

“A idéia de superioridade da classe médica e o corporativismo é fruto de uma questão histórica, quando existiam poucas profissões e o médico era considerado um ser superior por estudar mais horas por dia e o maior número de anos. Na contemporaneidade em que vivemos, persiste esta questão histórica sem razão justificável, com o agravante de se biologizar tudo e pôr em terceiro plano outras profissões da saúde, que lutam por um lugar ao sol, e que têm ciências também eficazes e abordagens terapêuticas modernas e variadas. É preciso que haja uma mudança na cultura da saúde, para que as ciências biológicas não se tornem a religião oficial que dita o comportamento ideal, desrespeitando a pluralidade e para se aumentar e democratizar as possibilidades de escolhas terapêuticas, onde o paciente seja o agente principal de suas escolhas e não o mercado ditatorial. Acreditamos que o médico realmente entende muito, de biologia e de química.”
Paulinho Maluco

“Nos tempos de hoje, em pleno século XXI, no ano de 2005, a ciência evoluiu bastante, tanto na matemática, física, biologia e química, quanto na psicologia e na sociologia, que não são ciências naturais, mas ciências humanas, sociais, e criativas com a capacidade de descobrir saídas e soluções geniais para o bem da humanidade. Apesar de existirem muitas pessoas de bem e muito bem intencionadas, existe um mercado feroz, mais preocupado com o lucro que, de forma subliminar, abafa os nossos questionamentos e nos induz a acreditar em verdades que são construídas a partir de interesses econômicos de produzir demandas mercadológicas, que afetam e induzem o comportamento e desejo coletivo, muitas vezes não acessível a todos. As ciências humanas e sociais são pouco valorizadas, devido à perspicácia dos donos do poder, que não desejam ver o povo refletir, reivindicar e construir uma sociedade mais justa e igualitária, onde eles precisariam por a mão no bolso para repartir o bolo. Nós, que acreditamos no amor e na caridade, temos que entender que, nos tempos atuais, a caridade maior é a caridade da oportunidade atrelada a didática do amor paciente, somada à autoridade moral, que não priva os seres menos favorecidos da liberdade e da possibilidade do aprendizado junto à convivência humana. Não é mais época de trancar os loucos nos hospícios, mesmo nos de luxo, que são verdadeiras gaiolas de ouro, pois a cada internação isolado do mundo, o louco perde a oportunidade de errar, de se frustrar e aprender vivendo, como as pessoas normais. Para evitar a institucionalização, que com a desculpa de ser um trabalho de amor, põe o louco numa redoma de vidro, e faz o mesmo efeito de criar um animal doméstico por vários anos e depois soltá-lo na selva para a morte, pois ele não aprendeu a caçar, é urgente a existência de prontos-socorros psiquiátricos e psicológicos, que atendam no momento de crise, e permitam voltar para casa, para continuar o seu aprendizado de vida. Se durante uma época da humanidade, os loucos tinham um lugar garantido num quarto de hospital, hoje isto não é mais necessário, pois foram descobertas e inventadas novas possibilidades, onde eles podem conviver em liberdade, desenvolver projetos e se tornar cidadãos, tudo isto com a porta aberta, no que chamamos de serviço substitutivos que, com a ajuda de profissionais competentes e disponíveis, constróem-se várias possibilidades de vida com mais dignidade e respeito. Agora, em caso de crimes, mesmo sendo louco, ele tem que pagar, mas sempre com o espírito de fazer entender o motivo da punição e descobrir uma maneira melhor de viver e ser feliz e não com a pena de banimento total, pois todos merecem chances que as pessoas que têm poder podem dar; se a pessoa que recebe a chance não aproveita, aí o problema não é da sociedade, é da pessoa que não aproveitou, devido às suas questões de ordens mais variadas possíveis.”
Paulinho Maluco

“Com a maior facilidade, a sociedade exclui algumas pessoas das rodas de convivência do padrão da normalidade. As pessoas que se sentem excluídas e que buscam ajuda para fazer a sua reinserção social encontram muitas dificuldades, porque o preço da inclusão social é muito alto e desgastante. A ideologia e a cultura neoliberal funcionam como uma fábrica de loucos, deprimidos, desesperados e raivosos. Algumas clínicas psiquiátricas que atendem estas pessoas excluídas do convívio social, funcionam como uma verdadeira indústria de pacientes, que não são agentes na construção de sua sanidadade, que pagam muito caro por uma consulta de 15 minutos, onde não existe diálogo, compreensão, aprendizado e interpretação das questões que fazem o sofrimento individual. Nessas clínicas, o médico faz o papel de uma glândula humana, tentando colocar o paciente numa situação de padrão emocional ideal, instituído pelas ciências psiquiátricas. No mundo contemporâneo não é permitido ficar triste e entender as razões do sofrimento para reformular o psiquismo e consequentemente a própria vida.”
Paulinho Maluco

“Não é possível enganar muita gente durante muito tempo.”
Charles Chaplin

“A maior malandragem do mundo é ser honesto.”
Autor desconhecido

“Para obter sucesso na transformação de um usuário do serviço de saúde mental em um cidadão de direitos e deveres e também feliz, para que ele se comprometa com o seu processo terapêutico e se disponha a construir uma vida legal, desenvolvida no aspecto familiar, social, profissional, espiritual, político, afetivo, é preciso entender e acreditar no poder da palavra. Para ser um bom terapeuta, capaz de influenciar positivamente na vida de uma pessoa que está em sofrimento, é preciso criar uma identificação e criar simpatia na base de atitudes e palavras e assim conquistar os ouvidos deste possível “paciente agente”. Quando o usuário confia no técnico, ele o ouve e tenta agir em cima das palavras da sua referência. Pode ser que, às vezes, o técnico se sinta frustrado com as investidas fracassadas ou desinvestidas do usuário; mas é preciso saber valorizar a questão do tempo que é individual para cada um e torcer positivamente, com trabalho e disposição para ajudar a cair a ficha. Para que as possibilidades de êxito sejam ampliadas é preciso trabalhar na questão da reflexão, entendimento e didática dentro da estrutura psíquica de complexidades e individualidades diferentes.”
Paulinho Maluco

“Muitos pacientes psiquiátricos, tidos como esquizofrênicos, devido a delírios religiosos, sofrem muito com a supermedicação, que é a tentativa do psiquiatra de intervir, anulando o delírio a qualquer custo. Pode até ser que exista uma causa biológica nestes tipos de estrutura psicológica, mas a questão cultural e das referências de vida do paciente estão muito presentes e isto é inquestionável. Quando uma pessoa que sofre muito não tem conhecimento para elaborar o seu sofrimento, ela lança mão do recurso religioso que é o mais acessível à grande massa, com a vantagem de oferecer o recurso do milagre. Para uma ajuda melhor a estes tipos de caso, é necessário mostrar ao paciente a necessidade de reflexão para mostrar a este indivíduo que sofre, de que sua dor não é sempre causada pelo número pequeno de orações ou pela falta desta, e também porque é um grande pecador, mas sim porque é necessário aprender uma forma de suportar algumas frustrações sem sofrer demais, tomando consciência de que existe a possibilidade de alegria em outros aspectos da vida. Quando um portador de sofrimento psíquico se sente muito machucado e busca exclusivamente o recurso religioso para sua recuperação, ele pode tomar decisões muito radicais, como fazer um voto de pobreza ou acreditar, de forma mágica, que será uma grande pessoa, sem levar em consideração as etapas pelas quais precisa passar. É necessário aprender a dar tempo para escutar, validar e intervir, com a dose certa e no tempo certo, arranjando um jeito de conciliar espiritualidade com realidade, pois o terapeuta é um cirurgião da alma e do psiquismo, só que em doses homeopáticas.”
Paulinho Maluco

“Posso dizer, com muita pouca possibilidade de errar, que quase todo usuário de saúde mental sonha em ter relacionamentos afetivos que não sejam profissionais, onde ele se encontre apenas na posição de paciente. Muitas vezes ele tenta estabelecer este vínculo com os profissionais de saúde dos serviços substitutivos e é frustrado. Às vezes o usuário do serviço substitutivo se torna uma pessoa com um tipo de comportamento raivoso e agressivo, porque tenta insistentemente o seu objetivo e a maioria das vezes se vê frustrado, o que acaba levando este ao enquadramento de surtado e em crise, sendo medicado. Um bom terapeuta, profissional de saúde mental, deve ser capaz de ajudar este usuário a entender o porque dos seus fracassos, a necessidade de continuar tentando, sempre aprendendo com os seus erros, encontrando novas estratégias e locais adequados para se realizar, dentro do perfil individual e geral.”
Paulinho Maluco

“A didática amorosa, praticada por um bom psicólogo, que é capaz de ouvir os delírios de um suposto psicótico, com uma a atitude de respeito, pode conquistar este paciente e provocar dúvidas na fé que este indivíduo tem na própria “viagem”, e ir em doses homeopáticas com didática, que é a arte de ensinar com ternura, fazer este paciente se confrontar com a realidade e questionar os seus delírios. Isto é a educação aplicada à terapêutica, que é uma conquista das ciências humanas, tão subjugada pelas ciências “oficiais”, as biológicas, que querem ser exatas sem ser, devido a era do Biopoder. Que gera muita riqueza aos Norte Americanos enquanto fabricam a crise no Brasil”
Paulinho Maluco

“Antigamente as crianças eram tratadas como pequenos adultos, veio a pedagogia e separou as fases da infância, adolescência e adulto e descobriu que a criança precisa aprender a ser feliz e a brincar muito, Veio psicanálise e disse que a mãe dá o amor à criança e o pai a lei, que quando falta faz esta criança adoecer, Emmanuel, mentor espiritual de Chico Xavier disse que a criança brinca, o jovem idealiza e o adulto realiza e o Biopoder que é uma ciência com bases diferentes quer ser a ciência oficial ditar regras em nome de uma barbárie moderna de uma política de hegemonia cientifica, cultural para dominar o mundo e desrespeitar a diversidade individual e cultural.”
Paulinho Maluco

“Em Síntese, a Luta Antimanicomial é uma operação de resgate e salvamento, arquitetada com os saberes das ciências humanas e sociais e uma pitada de ciências biológicas, com destino a liberdade. É irreversível, graças ao bom Deus, a Jesus, a São Francisco de Assis e a Nossa Senhora Desatadora dos Nós.”
Paulinho Maluco

“O SUS é do caralho, e o servidor público deve ser resgatado e valorizado, pois estes tem mais possibilidades de trabalhar por ideal do que por exclusivamente por dinheiro devido à suposta tranqüilidade que a estabilidade profissional pode proporcionar.”
Paulinho Maluco

“Na peleja diária da luta dos Movimentos Sociais, que são uma forma de resistência legítima contra a opressão, dos donos do poder, além das dificuldades financeiras e a ideologia burguesa de dominação de massas, que com pouco esforço e muito dinheiro, destroi a esperanças dos corações que acreditam em um lugar melhor para todos. Por trás desta dificuldade, existe um outro tipo de resistência, é a resistência do tradicionalismo e do conservadorismo, que quer deixar tudo na mesmice, do jeito que sempre foi, pois mudar além de dar trabalho, vai contra os princípios neoliberais de lucros vorazes a qualquer custo, controle, dominação e egoísmo.”
Paulinho Maluco


“... A criança Brinca, o jovem idealiza e o adulto realiza ...”
Emmanuel

“... Quer curar? Aprende primeiro a amar os enfermos ...”
Emmanuel

“Se fizer planos para um ano, plante uma semente; se fizer planos para dez anos, plante uma árvore; se fizer planos para cem anos, dê educação ao povo.”
Kuang Chung.


“Os movimentos Sociais organizados, que são desacreditados pela ideologia burguesa de dominação de massa, através dos meios de comunicação oficiais, só conquistarão direitos com muita luta política e com conquistas de direitos e a consciência dos deveres. Talvez menos cabeças rolariam, menos sangue jorraria, se entendessemos o espírito da fábula da cigarra e da formiga. Os movimentos sociais são como as cigarras, que querem trazer alegria e bem estar ao maior número de pessoas. As empresas, órgãos governamentais e os trabalhadores são como formigas que trabalham duro para o próprio sustento, não precisam serem egoístas gastando tempo só consigo mesmos e com suas famílias e nem paranóicos com medo da violência urbana. Se entenderem que uma das raízes da violência é o mal estar social e que para amenizar este mal estar, os empresários, trabalhadores e órgãos governamentais, as formigas, podem ajudar financeiramente e tecnicamente, os movimentos sociais sérios e organizados, as cigarras, com a vantagem de dormir com a consciência tranqüila e entrar para história como um coolaborador na construção de um mundo melhor para todos.”
Paulinho Maluco

“A presença do Artista, que não é um profissional da saúde, nos locais adequados para tratamento, com a intenção de levar alegria, que é o verdadeiro bálsamo para alma das pessoas que sofrem é a legítima humanização da saúde. Já foi comprovado cientificamente, que os artistas capazes de levar alegria das mais diferentes formas, diminui os traumas do tratamento além de encorajar para enfrentar as mazelas pelo qual cada um passa. A conseqüência de diminuir o trauma e encorajar para enfrentar a situação é que o sistema imunológico reage devido a este estímulo externo proporcionando economia nas doses de medicamentos e diminuição do tempo de internação. Somado a tudo isto, a humanização da saúde por meio de artistas capazes de levar alegria aos que sofrem, proporciona a inclusão social a pessoas que sofrem mazelas que os condenam para toda a vida, como paralisia cerebral, possibilitando a esses pacientes o acesso ao toque físico e ao afeto que os estimulam e os fazem sentir aceitos como são, sem sentimento de repulsa, que os levam ao sorriso ou a uma expressão facial de felicidade. Eu realmente acredito, que o artista capaz de levar alegria, pode contagiar e afetar positivamente, de alguma forma, os piores casos de sofrimento.”
Paulinho Maluco

“Com muito orgulho e sem um pingo de vergonha, encho minha boca para dizer em alto e bom tom que sou filho da luta antimanicomial, que com seus dispositivos modernos, fruto de muita luta, inventividade e ousadia, me proporcionou acesso ao meu autoconhecimento e a circulação pela cidade enquanto a recuperação não acontecia plenamente. A luta antimanicomial além de humanizar o tratamento do sofrimento psíquico, dá direitos à quem tem pouca condição de se defender, além de expor a loucura como algo natural, que graças ao bom Deus, nos dias de hoje não é motivo de vergonha. A luta antimanicomial tem o poder de intervir positivamente na cidade, fazendo repensar o conceito de normalidade, felicidade e dos padrões nosológicos de enfermidade da psiquiatria ortodoxa, provando que existe lugar para todos, desde que aprendamos a conviver com a diferença. Enfim, para mim a luta antimanicomial é mais que um tratamento, é uma escola.”
Paulinho Maluco

“A luta antimanicomial, por ser um exercício de cidadania, uma questão de direitos e deveres, sendo algo ousado, responsável e humanizador, só tende a se aperfeiçoar, pois é um processo irreversível, destinado ao sucesso.”
Paulinho Maluco

“Na minha vida de sofrimento, no processo de descoberta de mim mesmo e do entendimento das diferentes subjetividades, não acredito que existe esquizofrenia e nem transtorno bipolar, existem sim maneiras malucas de existir, que não existe espaço dentro da ordem social dominante e também uma falta de entendimento e autoaceitação de qualquer tipo de limitação. Existe uma insatisfação constante que nos angustia e não estamos dispostos a entende-la em terapia. Alegria é tentar ser feliz fazendo o que gosta ou gostando do que faz e tentar fazer os outros felizes. Paz é quando o Espírito Santo entra no coração da gente a nosso convite, somado a consciência limpa. Por um lado a sociedade pode ter mais entendimento e aceitação das diferenças, por outro lado o maluco tem que tentar elaborar, filosofar e encontrar o caminho, pois enquanto há vida há esperança.”
Paulinho Maluco

“Estava outro dia tentando entender por que pessoas bonitas e inteligentes envelheceram aceitando o espaço de doentes, com muito custo entendi que é difícil lutar contra o imaginário popular que acredita que o médico é detentor de todos os saberes e dono da verdade. Graças a Deus pirei nos tempos de hoje, onde existem terapeutas ocupacionais, psicólogos, assistentes sociais, sociólogos; por isso aprendi a me recuperar relacionando, me ocupando, vivendo, construindo e desconstruindo a minha subjetividade. Com muita autoridade afirmo que a lógica médica não pode ser sinônimo da verdade absoluta na saúde, e sonho com uma lógica humanizada na saúde onde o paciente possa escolher o paradigma científico que deseja ser tratado e onde as terapias alternativas tenham o seu lugar garantido, mesmo que existam limitações para elas.”
Paulinho Maluco

“Para mim eletrochoque é inaceitável, supermedicação também. Quando os cientistas desenvolveram a energia nuclear, numa lógica maniqueísta, esta energia foi usada tanto para o bem, quanto para o mal; construíram-se bombas atômicas para matar multidões e usinas de geração de energia elétrica para iluminar cidades. Numa lógica mercadológica, do capitalismo selvagem, depois que o homem dominou a técnica de sintetizar os compostos orgânicos, ou os compostos de carbono, surgiram remédios muito importantes e outros nem tanto assim, como os antitulsigênos, que eliminam a tosse, mas impedem o organismo de fazer a expectoração natural. Através da síntese de compostos orgânicos, surgiu a halopatia, filha da indústria farmacêutica, que aprendeu a intervir no sistema nervoso humano, quando a medicina deixou de ser um sacerdócio para se tornar um negócio altamente lucrativo, que não trabalha na origem das doenças, apenas silenciando os sintomas, tendo a pretensão, por influência da indústria farmacêutica, de ser o paradigma científico oficial e superior, desqualificando todos os outros paradigmas e profissionais da saúde. Por isto afirmo: Não ao ato médico e sim ao ato da saúde, onde o conceito de nosologia, prescrição e ciência dos múltiplos saberes da contemporaneidade tenham espaço de uma forma democrática, tanto para profissionais da saúde, quanto para pacientes agentes, pois a genética não é determinante, ela precisa de gatilhos emocionais e sociais para ser acionado. É sabido que uma pessoa pode nascer com a genética do câncer e morrer de causas naturais.”
Paulinho Maluco

“Quem quer construir uma família, penso eu, deve pautar a criação dos filhos e o relacionamento, na amizade, compreensão e felicidade. O culto ao sucesso deve ser escolha de cada um, não há nada que adoeça mais uma criança, em saber inconscientemente que não é amada incondicionalmente. A política do fala na cara seu bosta é legal e um lar beleza, começa com um ambiente agradável, um pouco de escracho, liberdade, confiança e muito diálogo nos bons e maus momentos para que descobertas e soluções apareçam na construção coletiva. Jesus disse que no mundo terei aflições, mas tende bom ânimo eu venci o mundo; por isso por mais que as coisas pareçam difíceis mantenha a alegria, o bom humor, a esperança, para não contagiar os pequenos e não criar um clima de terrorismo e paranóia.”
Paulinho Maluco

“Para diminuir o sofrimento humano, a religião só deveria ser ensinada quando fôssemos capazes de conviver e aceitar as nossas limitações e as imperfeições naturais humanas. A santidade não é para todos, e a obsessão religiosa pode levar ao fanatismo, à loucura ou ao perfeccionismo, que só traz sofrimento.”
Paulinho Maluco

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Pela Conferência Nacional de Saúde Mental em 2009

DIREITOS HUMANOS PARA QUEM ACREDITA NA IMPORTÂNCIA DA LIBERDADE

“Devemos lutar pela igualdade sempre que a diferença nos
inferioriza mas, devemos lutar pela diferença sempre que a igualdade nos descaracteriza".

Boaventura de Souza Santos


1. BREVE HISTÓRICO
Há duzentos anos, quando as cidades começaram a se organizar, nos primórdios da era industrial, devido à preocupações higienistas, de manter as cidades com aparência bonita, deu-se início à construção de grandes instituições asilares, uma espécie de depósito de lixo humano, onde as pessoas ficavam guardadas até à morte.

Nestas grandes instituições, onde não haviam critérios para se internar seres humanos, não havia nenhuma chance de defesa e nem recuperação para os internos, era simplesmente uma condenação que durava enquanto houvesse vida.

Quando surgiram os remédios psiquiátricos na década de 50, criou-se uma idéia de que a farmacologia podia ajudar na recuperação dos pacientes rotulados como doentes mentais. Havia a crença que os remédios poderiam normalizar o comportamento das pessoas, acabando com os delírios, depressões e outros sintomas. O que teria vindo para o bem destes pacientes, foi simplesmente o início de uma era de um novo tipo de violência contra seres humanos que nunca tiveram direito de expressão, de defesa e de um lugar digno para construírem suas vidas felizes.

A indústria farmacêutica, de olho no mercado altamente lucrativo, começou a desenvolver drogas psiquiátricas chamadas de segunda e terceira geração, com a promessa de uma grande revolução no tratamento das doenças psiquiátricas. Na prática, a coisa não foi bem assim. Mesmo sabendo que a medicação pode ajudar em alguns casos, sabemos que existem limites para a atuação das drogas e que os abusos destes remédios deixam os pacientes em vida vegetativa.

Por indignação dos próprios trabalhadores da saúde surgiu a Luta Antimanicomial, constatado que não haveria tratamento possível em uma instituição trancada, pois dentro de uma instituição não existe relações afetivas saudáveis, apenas relação de poder entre quem é o doente e quem é o profissional detentor das vontades individuais e coletivas dos “doentes” internados.

Para acabar com os manicômios, surgiu a proposta dos tratamentos substitutivos, onde os pacientes seriam tratados em liberdade, com o direito de serem acolhidos nos momentos de maior sofrimento, por equipes multidisciplinares da saúde. As longas internações seriam substituídas pelos pernoites, que eram avaliadas e reavaliadas em períodos bem curtos de tempos, sendo que o paciente seria co-autor do seu próprio processo recuperação, com direitos e deveres.

2. ENTRAVES PARA A CONSOLIDAÇÃO DA LUTA ANTIMANICOMIAL BRASILEIRA
Com muito trabalho os Militantes da Luta Antimanicomial conseguiram a aprovação de uma lei federal para extinção gradual dos manicômios assim que fossem construídos os serviços substitutivos que acolheriam os pacientes.

Mesmo contra adversários poderosos a Luta Antimanicomial avançou e se tornou política de estado. Atualmente a Luta AntiManicomial, que tem muita história bonita para contar, vem sofrendo duros golpes de seus adversários. Para não correr o risco de por a perder toda a construção histórica de inclusão da loucura na sociedade, precisa renovar a discussão e sensibilizar novos militantes e estâncias de governo, para que a loucura continue provando que todos devem ser iguais nos direitos e deveres, mesmo sendo diferentes.

Antes de explicitar os argumentos dos adversários, precisamos que os militantes dos direitos humanos entendam que é urgente, que no próximo ano haja, de forma inegociável, uma nova Conferência Nacional de Saúde Mental.

A história dos militantes é uma história de pessoas que acreditam que um mundo melhor para todos é possível, por isso lutam por amor à causa. Hoje militantes dos direitos humanos, estão sendo condenados pela justiça a pagar grandes indenizações, simplesmente porque se atreveram enfrentar o poderoso lobby dos hospitais psiquiátricos. O que está por detrás destes comportamentos escusos?

· Um argumento muito usado pelos que escolheram a perpetuação dos manicômios é que a teoria da Luta Antimanicomial é muito bonita, mas na prática não funciona.



· Esta tentativa de abalar e desestruturar a luta pela liberdade mostra o desespero de grandes indústrias, que querem minar nossas forças e crenças, para não perder o controle das pessoas e dos segmentos de mercados. Como estratégia a indústria patrocina pessoas sedentas de sucesso a qualquer preço, mais ou menos como Hittler, para utilizarem as suas posições sociais e status profissionais para camuflar as suas verdadeiras funções (vendedores de remédios, camelôs de laboratórios).



· Para qualquer pessoa que tenha uma pequena percepção do que é certo ou errado é fácil entender esta jogada, pois a indústria farmacêutica sai perdendo, caso a Luta Antimanicomial conquiste um reconhecimento nacional. Se isto acontecer, as pessoas vão perceber que a publicidade dos laboratórios é feita de ilusões mentiras e facilidades, bem parecidas com as das falsas igrejas neopentecostais que vendem a salvação da alma. O biologicismo é uma espécie de culto futurístico, onde a perfeição comportamental ideal é conquistada com reajustes neuroquímicos de drogas sintéticas.


· Os adversários não querem que os militantes dos direitos humanos sejam pessoas bem sucedidas na política. Tanto é verdade esta afirmativa que se você consultar vai perceber que no geral, as pessoas acreditam, por influência dos meios de comunicação de massas, que direitos humanos só existem para defender bandido.



· Junto com a indústria farmacêutica, o monopólio dos meios de comunicação de massas, dá 100% de suporte ideológico à indústria, tirando dos expectadores toda e qualquer possibilidade e locais para contestação das idéias, nos restando apenas a revolta ou a resignação. Mantendo o sistema consumista, como a única saída para amenizar as dores da vida. Haja Shopping Center e devastação ambiental para suportar o imperialismo.


· Se a Luta Antimanicomial vencer e destruir do imaginário popular a falsa crença da supremacia médica sobre todas as outras profissões da saúde, todos vão constatar que as drogas psiquiátricas não são eficientes assim e que se as pessoas resolverem pensar, vão descobrir causas sociais, humanas e psicológicas que não podem ser resolvidas de imediato.


· Se as pessoas resolverem contestar a medicina, os laboratórios, a finalidade dos meios de comunicação, vai haver uma mobilização social para transformar a sociedade para melhor, o que vai gerar menos lucros no mercado, por haver mais preocupação social. Isto vai perturbar os interesses neoliberais que defendem o estado mínimo. Mínimo para o social, máximo para manter a ordem com o aparato da violência policial. O neoliberalismo escraviza até os seus servidores, nos uniformes e nas fardas, que são verdadeiras jaulas, onde cabem apenas um animal, em cada farda.



· Antigamente, quando cientistas não eram escravos de grandes corporações, a ciência se desenvolvia livremente, com pessoas, que antes de serem cientistas, eram filósofos e observadores da natureza. As grandes corporações, para não dividirem os lucros, criaram o mito que a ciência só pode se desenvolver com muito dinheiro com o objetivo de servir ao capitalismo, o que não é verdade, mas ao mesmo tempo domina o imaginário popular. Com o sucateamento das escolas públicas brasileiras, que perderam espaço para os interesses das escolas particulares e de instituições com interesses religiosos, os alunos brasileiros se automatizaram a marcar x e perderam a capacidade de reflexão. A maioria dos alunos entende que na ciência a teoria antecede a prática.


· Hoje temos escolas, com teorias que fundamentam as ciências, não porque alguém fundamentou uma teoria, mas sim porque alguém teorizou a prática pelo método de tentativa e erro. Estes cientistas deixaram registrados seus conhecimentos, que na escola nos ajuda a poupar tempo no caminho já trilhado por outros e promover a continuidade do avanço ciêntífico.



· Quando os cientistas do mal fundamentam as ciências em mentes despreparadas para reflexão crítica, criam constantemente mentes frívolas que levam a vida só pensando em tomar cerveja, usar roupa da moda e praticar sexo com a Madona ou com qualquer outro símbolo sexual. O amor para de existir e reina a discórdia, pois os meios de comunicação fascinam tanto as pessoas, que lhes roubam o raciocínio lógico. As pessoas passam a não gostar mais de pessoas e sim de personagens intocáveis, pois se tornarem tocáveis serão humanos e não serão mais ídolos de promoção ideológica. O desrespeito à vida surge, pois não existe amor à vida, exige amor ao dinheiro, ao poder, ao sucesso, tudo isto para não entrar em contato consigo mesmo.



· Quando falam que a teoria antimanicomial é boa, mas na prática não funciona é uma grande mentira com força demoníaca, que não permite que o processo científico tentativa e erro ocorra para construir uma ciência múltipla e libertadora.


· Os inimigos não querem o avanço das ciências humanas e sociais e nem a valorização dos pedagogos e professores, que poderiam transformar a sociedade. Isto é facilmente constatado observando o cenário político nacional quando o presidente Lula decretou o piso nacional para os professores públicos. Mesmo com força de decreto, nenhum estado brasileiro acatou o decreto e o estado de Minas Gerais entrou na justiça para não pagar o piso.



· Como recurso de reflexão, vemos a tentativa da psiquiatria biológica em resgatar métodos de tortura disfarçados de tratamentos médicos humanizados e necessários. Quando um médico psiquiatra indica eletrochoque ou psicocirurgia a pais desesperados que não conseguem encontrar pessoas que trilharam outro caminho mais feliz. Acarreta sérias conseqüências sociais. Uma solução que vende um glamor, uma falsa beleza e aumenta a falsa idéia da supremacia médica.


· Pode-se conhecer várias pessoas ainda vivas que sofreram por anos estas torturas, com aval de familiares que acreditavam estar fazendo o bem. Estas pessoas não tiveram nenhuma chance de escolha ou de defesa e hoje se beneficiam dos tratamentos substitutivos, com seqüelas irreversíveis na alma e no corpo.



· Hoje com os direitos conquistados pelos portadores de sofrimento mental, pouca coisa pode ser feita para recuperar o trauma de um passado cruel e triste, com lembranças dolorosas. Mesmo que todos resolvam sozinhos, com ajuda de amigos e familiares entrar na justiça para pedir um reembolso pecuniário por danos morais e materiais, o dinheiro só servirá para viver o pouco tempo que resta de vida com mais dignidade e ajudar as verdadeiras instituições que lutam a favor dos direitos humanos e da liberdade com tantas dificuldades financeiras. Também seria uma resposta da sociedade que clama por uma sociedade mais solidária e respeitosa que exige os direitos constitucionais.



· Quando, sem dar oportunidade a outros saberes do mundo contemporâneo, privilegia o saber médico organicista, se aprova , sem resistência, causando um monólogo da facção médica subserviente a interesses eugenistas, deixando de criar um processo de construção honesto da valorização de profissionais das ciências sociais, humanísticas e da tão massacrada e importante pedagogia e magistério.



· Quando de geração e geração se reforça o imaginário popular da supremacia do saber médico sobre outros saberes, reforça o poder de dominação dos meios de comunicação de massas e da indústria farmacêutica, sem criar um tipo de resistência pacífica inteligente que não deixa o mercado por goela abaixo qualquer coisa na mente dos cidadãos, que se tornam meros números descartáveis.



· Quando reforça o saber médico como hegemônico, de geração em geração a academia formará menos profissionais interessados em amenizar a dor das pessoas e sim profissionais interessados em engordar a conta bancaria. Mesmo que não é socialista já sofreu na pele com algum médico. É inaceitável que a medicina se torne uma indústria cheia de profissionais que tem a alma envenenada pelo desejo de poder e dinheiro. Cada vez temos menos terapeutas e mais mercenários trabalhando o espaço que seria reservado para a saúde.



· Por estas e outras verdade, Deus quis que Chico Xavier fosse brasileiro e escrevesse o livro: Brasil coração do Mundo e Pátria do Evangelho. E Deus é tão bom que não deixou Chico Xavier sozinho. Junto com ele ajudou humanos falíveis escrever na constituição federal de 1988 que saúde é direito de todos e dever do estado. Assim surgiu o SUS (Sistema único de saúde), que ainda não conseguiu ser reconhecido como bom em relação ao privado que além de dominar faz de tudo para fuder o SUS, com ajuda da mídia e de políticos patrocinados por empresários do mal, que desviam o dinheiro da saúde e promovem o descaso que matam muitas pessoas, sem nenhuma dor de consciência. Saúde não pode ser lugar para ficar rico.



· Essas reflexões dão para nortear uma boa Conferência de Direitos Humanos na saúde, para quem acredita na Liberdade!

ESQUERDOS AUTORAIS – Esta publicação pode ser reproduzida por quaisquer meios, desde que citada a fonte.

RENILA – Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial

A LIBERDAE É TERAPÊUTICA, ELETROCHOQUE NÃO!

EXCLUSÃO SOCIAL PROVOCA MUITA DOR E REVOLTA, O PROCESSO DE INCLUSÃO SOCIAL SE FAZ COM MUITO AMOR NO CORAÇÃO E SEM SEGUNDA INTENÇÃO

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Indignação e providências já!

Notícias 360

Polícia

Polícia investiga causa da morte de paciente no Ulisses Pernambucano

Começam nesta terça-feira (13) as investigações sobre a morte de uma paciente do Hospital Ulisses Pernambucano, no último sábado (10). A interna morreu depois de ser transferida para o Hospital Agamenon Magalhães.

Segundo informações do delegado de policia de Casa Amarela, familiares da paciente receberam um telefonema do Hospital Agamenon, na tarde do sábado, informando que ela havia dado entrada na unidade, por volta das 10h, já em óbito.

Os familiares teriam entrado em contado com o Hospital Ulisses e recebido a informação que a paciente teria sido encaminhada para o Agamenon por ter se machucado durante uma crise nervosa. Ela apresentava hematomas no rosto e afundamento no crânio e maxilar.

Durante as investigações serão ouvidos os depoimentos dos familiares da paciente e das
equipes médicas dos dois hospitais. O crime poderá ser repassado para a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Da Redação do pe360graus.com

* * *

INDIGNAÇÃO E PROVIDÊNCIAS JÁ!

Olá companheir@s da Luta Antimanicomial!

Convidamos para participar da Reunião Ordinária do Núcleo da Luta Antimanicomial Libertando Subjetividades – PE, no dia 19/01/2009, às 18:30hs, no Auditório do Conselho Regional de Psicologia, localizado a rua Afonso Pena, nº 475, Santo Amaro.

Teremos como principal ponto de pauta o situação da Saúde Mental em Pernambuco.

Esperamos contar com a presença de pessoas que lutam no seu dia a dia pela vida, por uma sociedade mais justa, sem MANICÔMIOS.

Solicitamos ampla divulgação.

Nelma Melo
Coordenadora do Núcleo da Luta Antimanicomial Libertando Subjetividades – PE
81 99640903
Posted by Picasa

Abre alas! Lá vem a RENILA querendo passar com o seu blog...

Foto: Rogelio Casado - Que que o Marcus Vinicius faz atravessando minha fotografia? Recife, PE - 2008
Alô, alô militantes da luta antimanicomial do meu Brasil, oiá nóis aí otra veiz. Ano Novo, Vida Nova. Administrador provisório dessa geringonça cibernética, por essas mal batucadas linhas transmito recadinho de uma entidade que baixou aqui no terreiro dessa imensa selva amazônica.
Seguinte: mandou dizer o encantado que é hora de fazer um grande ensaio de comunicação entre todos os Núcleos da RENILA. Onde já se viu, 22 Núcleos trabalhando, comendo o pão que o diabo amassou, e a opinião pública sem saber o que acontece nos nossos terreiros? , assombração! Sai pra lá, urucubaca! Pé de pato, mangalô, trêis veiz!

O(u)t(r)orizado por esse espírito de luz, venho por meio desta comunicar que enviei convite para alguns companheiros escrevinhar nesse blog. Como andei perdendo pra lá de 2 mil e-mails, alguns nomes me lembrei de cabeça; outros, usei um critério assumidamente subjetivo, se é que posso me expressar assim quanto aos convites que formulei para uns dois ou três companheiros que tem mais horas de militância antimanicomial que Matusalém de vida.

Fica combinado que quem não gostar da idéia - só pra enfatizar, embora nem precisasse dizer - pode abrir o verbo.

Quanto aos convidados que acharem por bem não usar esse espaço democrático dos militantes da RENILA para expressar sua opinião, dar pitaco y outras cosita mas, pelo menos nos acompanhe com muita, mais muita, atenção, que o mar não pra peixe. Há algum tempo reformistas de araque deram pra contemporizar com os conservadores de sempre, em nome de uma composição que fere os estatutos dos que lutam por uma sociedade sem manicômios. Olho vivo!

Vale lembrar que este espaço sagrado não pode servir a qualquer tipo de banalização cibernética. Se a gente começar a desenterditar a produção do desejo entre nós, já é um grande começo. O resto vem no processo. É isso aí, companheiros. A Luta continua!

Do front amazônico, despeço-me com afetuoso abraço.

Rogelio Casado