sábado, 28 de março de 2009

Materia do jornal A Tarde

Centro para doenças psiquicas é flagrado em condição irregular

Luana Gomes, do A TARDE
Maus-tratos, infraestrutura precária, falta de profissionais de saúde e cárcere privado. Estas foram algumas das irregularidades constatadas no Centro de Recuperação Valentes de Gideão, que mantém 121 homens acima de 18 anos, entre doentes mentais e dependentes químicos, no município de Simões Filho. A vistoria-surpresa foi realizada na quinta-feira, dia 12, pelos conselhos regionais de Psicologia e de Serviço Social, acompanhados das entidades Núcleo de Estudos pela Superação dos Manicômios (Nesm), Associação Metamorfose Ambulante de Usuários e Familiares de Serviços de Saúde Mental (Amea) e GT Estudantil da Luta Antimanicomial Eduardo Araújo, que chegaram ao local por meio de uma carta-denúncia anônima.

A equipe foi recebida pelo pastor Jorge Barbosa, responsável pela administração do local. O primeiro ponto vistoriado foi, segundo Barbosa, “onde os doentes mais críticos são alojados”. Ele não explicou os critérios de triagem. Após três portões de ferro, os profissionais tiveram acesso a 60 internos descalços, muitos sem camisa e outros de cueca, que vagavam sem ocupação. Lá, o acesso à água é através de uma bacia no chão com canecas boiando, onde todos bebiam sem restrições.

Médicos – Segundo o pastor, um único médico, o clínico geral Getúlio Dórea Mendes (CRM 5743), é responsável pelos internos da instituição. “Ele comparece três vezes na semana. Os mais graves, encaminha para o doutor Luís Leal, um psiquiatra que atua na cidade”, afirmou Barbosa. No consultório, “seringas descartáveis abertas guardadas em copos plásticos para reutilização, falta de prontuários médicos e remédios, em sua maioria amostras grátis, sem armazenamento adequado, alguns em sacos colocados no chão”, observou Marcos Vinícius de Oliveira (Nesm).

Oliveira assinalou que muitos dos homens apresentam sinais de maus tratos, erisipela, escabiose, hematomas e falta de curativos. “Os internos com quadros mais graves, segundo um deles me garantiu sem se identificar, dormem trancados e apanham. O que caracteriza cárcere privado já que este centro não possui mandato médico autorizado pelo Ministério Público para impedir o direito de ir e vir de cada um”, disse.

Dentre as demais irregularidades vistas, a equipe listou as condições insalubres do refeitório, onde a comida é cozida em um fogareiro ao chão e as carnes manuseadas ao ar livre sem luvas. “Não podemos descartar as camas de cimento com colchões finos”, relatou Edna Amado (Nesm).

De acordo com os representantes das instituições responsáveis pela vistoria, um relatório das irregularidades será encaminhado ao Ministério Público, à Assembleia Legislativa e às secretarias de Saúde do Estado e do Município. “Vamos solicitar a interdição imediata do local”, completou Marcos.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Associação Chico Inácio participa da III Caravana das Águas

Foto: Rogelio Casado - SOS Encontro das Águas - Manaus-Am, 22.03.2009
Dia de luta - Elina do Espírito Santo, da Associação Chico Inácio - filiada à Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial, participou neste domingo que passou - Dia Mundial da Água - da III Caravana das Águas, uma realização do movimento SOS Encontro das Águas.

Várias entidades da sociedade civil organizada compareceram no Mirante das Lajes para protestar contra a construção de um porto, bem defronte do Encontro das Águas, ali onde nasce o Rio Amazonas em território brasileiro.

Abaixo-assinado - Acesse o PICICA - blog do Rogelio Casado, clique no ícone SOS Encontro das Águas e assine o abaixo-assinado do movimento. A natureza e a cultura agradecem.

sábado, 7 de março de 2009

“A Chico Inácio e o Dia Internacional da Mulher”

Foto: Nivya Valente - Elina do Espírito Santo - Manaus-Am, o6.03.2009


“A Chico Inácio e o Dia Internacional da Mulher”

Por Nivya Valente

Na Associação Chico Inácio, a maioria dos associados são mulheres: mulheres sujeitas a sofrimento psíquico, mulheres mães dos companheiros associados, mulheres irmãs, algumas mulheres são voluntárias, outras são mulheres de boa vontade que contribuem, à distância, com a Chico Inácio.

Ontem, uma delas, D. Elina do Espírito Santo, 55 anos, costureira de profissão, mãe de um casal de filhos que convivem com o sofrimento psíquico, atual 2ª secretária da ONG, marcou presença em mais uma manifestação pública organizada pelo movimento social “Articulação de Mulheres do Amazonas” pelo Dia Internacional da Mulher, em pleno coração da Zona Franca de Manaus, no centro da cidade, sob as bênçãos da padroeira da cidade, Nossa Senhora da Conceição.

Lá estava, mais uma vez, D. Elina fazendo um chamamento da sociedade para aderir ao abaixo-assinado “Pela implantação de uma rede de CAPS em Manaus”. Ela e o companheiro Marcio Jordelane, vice-presidente da Associação.

D. Elina tem uma longa história de militância na Chico Inácio. Participou das paradas do orgulho louco, dos abraços simbólicos aos monumentos históricos da nossa cidade, das audiências públicas municipais e estaduais pela votação e sanção da lei estadual de saúde mental, da avaliação dos dois modelos de saúde mental existentes no SUS do Amazonas, que pela primeira vez contou com usuários e familiares na mesa de discussão, além dos eventos de 18 de maio (dia nacional de luta antimanicomial) e 10 de outubro (dia mundial de saúde mental), e da conferência estadual de direitos humanos.

Quando comentei - antes de levar o assunto para a próxima assembléia geral da ONG - sobre o Movimento “SOS Encontro das Águas” (contra a construção de um porto e pelo tombamento do Encontro das Águas), ela foi a primeira a aderir ao abaixo assinado proposto pela AMANA - Associação Amigos de Manaus.

Na carona até próximo da sua casa, comentou que dia desses passou pela frente da casa aonde será o próximo CAPS, falou com o vigia, fez perguntas, enfim sondou alguma coisa sobre a inauguração. Em seguida convidou o Márcio a ir até a SEMSA (Secretaria Muncipal de Saúde) para acompanhar mais de perto o processo de implantação do próximo CAPS, na zona sul de Manaus (o segundo da cidade), localizado no bairro onde ela mora com a família.

Eita mulher de fibra, D. Elina! E ainda ajuda a cuidar de sua mãe já velhinha e doente. Em Manaus, D. Elina é uma fonte de incentivo permanente para os militantes da luta por uma sociedade sem manicômios. No Dia Internacional da Mulher ela é nossa homenageada.