Centro para doenças psiquicas é flagrado em condição irregular
Luana Gomes, do A TARDE
Maus-tratos, infraestrutura precária, falta de profissionais de saúde e cárcere privado. Estas foram algumas das irregularidades constatadas no Centro de Recuperação Valentes de Gideão, que mantém 121 homens acima de 18 anos, entre doentes mentais e dependentes químicos, no município de Simões Filho. A vistoria-surpresa foi realizada na quinta-feira, dia 12, pelos conselhos regionais de Psicologia e de Serviço Social, acompanhados das entidades Núcleo de Estudos pela Superação dos Manicômios (Nesm), Associação Metamorfose Ambulante de Usuários e Familiares de Serviços de Saúde Mental (Amea) e GT Estudantil da Luta Antimanicomial Eduardo Araújo, que chegaram ao local por meio de uma carta-denúncia anônima.
A equipe foi recebida pelo pastor Jorge Barbosa, responsável pela administração do local. O primeiro ponto vistoriado foi, segundo Barbosa, “onde os doentes mais críticos são alojados”. Ele não explicou os critérios de triagem. Após três portões de ferro, os profissionais tiveram acesso a 60 internos descalços, muitos sem camisa e outros de cueca, que vagavam sem ocupação. Lá, o acesso à água é através de uma bacia no chão com canecas boiando, onde todos bebiam sem restrições.
Médicos – Segundo o pastor, um único médico, o clínico geral Getúlio Dórea Mendes (CRM 5743), é responsável pelos internos da instituição. “Ele comparece três vezes na semana. Os mais graves, encaminha para o doutor Luís Leal, um psiquiatra que atua na cidade”, afirmou Barbosa. No consultório, “seringas descartáveis abertas guardadas em copos plásticos para reutilização, falta de prontuários médicos e remédios, em sua maioria amostras grátis, sem armazenamento adequado, alguns em sacos colocados no chão”, observou Marcos Vinícius de Oliveira (Nesm).
Oliveira assinalou que muitos dos homens apresentam sinais de maus tratos, erisipela, escabiose, hematomas e falta de curativos. “Os internos com quadros mais graves, segundo um deles me garantiu sem se identificar, dormem trancados e apanham. O que caracteriza cárcere privado já que este centro não possui mandato médico autorizado pelo Ministério Público para impedir o direito de ir e vir de cada um”, disse.
Dentre as demais irregularidades vistas, a equipe listou as condições insalubres do refeitório, onde a comida é cozida em um fogareiro ao chão e as carnes manuseadas ao ar livre sem luvas. “Não podemos descartar as camas de cimento com colchões finos”, relatou Edna Amado (Nesm).
De acordo com os representantes das instituições responsáveis pela vistoria, um relatório das irregularidades será encaminhado ao Ministério Público, à Assembleia Legislativa e às secretarias de Saúde do Estado e do Município. “Vamos solicitar a interdição imediata do local”, completou Marcos.
Luana Gomes, do A TARDE
Maus-tratos, infraestrutura precária, falta de profissionais de saúde e cárcere privado. Estas foram algumas das irregularidades constatadas no Centro de Recuperação Valentes de Gideão, que mantém 121 homens acima de 18 anos, entre doentes mentais e dependentes químicos, no município de Simões Filho. A vistoria-surpresa foi realizada na quinta-feira, dia 12, pelos conselhos regionais de Psicologia e de Serviço Social, acompanhados das entidades Núcleo de Estudos pela Superação dos Manicômios (Nesm), Associação Metamorfose Ambulante de Usuários e Familiares de Serviços de Saúde Mental (Amea) e GT Estudantil da Luta Antimanicomial Eduardo Araújo, que chegaram ao local por meio de uma carta-denúncia anônima.
A equipe foi recebida pelo pastor Jorge Barbosa, responsável pela administração do local. O primeiro ponto vistoriado foi, segundo Barbosa, “onde os doentes mais críticos são alojados”. Ele não explicou os critérios de triagem. Após três portões de ferro, os profissionais tiveram acesso a 60 internos descalços, muitos sem camisa e outros de cueca, que vagavam sem ocupação. Lá, o acesso à água é através de uma bacia no chão com canecas boiando, onde todos bebiam sem restrições.
Médicos – Segundo o pastor, um único médico, o clínico geral Getúlio Dórea Mendes (CRM 5743), é responsável pelos internos da instituição. “Ele comparece três vezes na semana. Os mais graves, encaminha para o doutor Luís Leal, um psiquiatra que atua na cidade”, afirmou Barbosa. No consultório, “seringas descartáveis abertas guardadas em copos plásticos para reutilização, falta de prontuários médicos e remédios, em sua maioria amostras grátis, sem armazenamento adequado, alguns em sacos colocados no chão”, observou Marcos Vinícius de Oliveira (Nesm).
Oliveira assinalou que muitos dos homens apresentam sinais de maus tratos, erisipela, escabiose, hematomas e falta de curativos. “Os internos com quadros mais graves, segundo um deles me garantiu sem se identificar, dormem trancados e apanham. O que caracteriza cárcere privado já que este centro não possui mandato médico autorizado pelo Ministério Público para impedir o direito de ir e vir de cada um”, disse.
Dentre as demais irregularidades vistas, a equipe listou as condições insalubres do refeitório, onde a comida é cozida em um fogareiro ao chão e as carnes manuseadas ao ar livre sem luvas. “Não podemos descartar as camas de cimento com colchões finos”, relatou Edna Amado (Nesm).
De acordo com os representantes das instituições responsáveis pela vistoria, um relatório das irregularidades será encaminhado ao Ministério Público, à Assembleia Legislativa e às secretarias de Saúde do Estado e do Município. “Vamos solicitar a interdição imediata do local”, completou Marcos.